Ferro e Sangue

Narrado por Apolo

A reunião terminou, mas a casa de Ares continuou pesada, como se as paredes tivessem ouvido mais do que deviam e agora guardassem segredo. O corredor de pedra, o piso frio, o cheiro de lenha queimando, tudo parecia antigo, inevitável. Violetta ficou com Isabela na cozinha, fazendo o que mulheres fortes fazem quando os homens decidem sobre guerras: salvam o que pode ser salvo do lado de dentro. Zeus saiu para a varanda, levando o silêncio dele como um casaco.

Eu procurei Ares.

Encontrei meu irmão no escritório, meio templo, meio bunker. O mapa da Calábria na parede, um crucifixo de madeira acima da estante, a foto das crianças numa moldura amassada que ele nunca troca. Havia um copo meio cheio de uísque e uma lâmina descansando sobre um pano. Ares não olhou quando entrei; sabia que eu viria.

— Fechou a porta? — perguntou, sem levantar a cabeça.

Fechei. O clique soou como ponto final.

— Você falou sério lá fora? — fui direto. — Casamento político, aliança com a Albânia
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