Narrado por Léa
Acordei com a impressão de que alguém tinha sussurrado meu nome, mas o quarto estava quieto. O bebê dormia como um segredo bom, o peito subindo e descendo num ritmo que me salvou tantas vezes da loucura. Fiquei escutando um pouco mais o tic-tic baixo do aquecimento, a distante respiração da cidade que nunca desliga, até perceber o que me puxara do sono: ausência.
Zeus não estava na poltrona.
Virei o rosto. A cortina movia um pouco, tocada por um vento que não devia estar ali se a porta não estivesse aberta. Levantei devagar, uma mão no berço por reflexo, a outra procurando a beirada da cama. Ninguém nunca me ensinou a andar sem barulho, aprendi sozinha. Paris também. A guerra dentro das casas é sempre mais silenciosa do que a da rua.
Cravei os pés no tapete macio do quarto, macio demais para alguém como eu e segui a corrente de ar até o corredor. A luz azulada da cidade entrava pelas paredes de vidro da sala, derramada como água fria. Antes de vê-lo, ouvi o som curto d