Narrado por Léa
Colocar Luc para dormir foi quase um ritual silencioso. Eu e Zeus lado a lado, ajeitando o cobertor, observando o peito pequeno do bebê subir e descer num ritmo que me dava paz. Ele não disse nada, mas percebi o modo como seus olhos demoraram demais em cada detalhe — como se guardasse a memória daquele momento na própria pele. Fechamos a porta devagar e, quando me virei para o corredor, Zeus já caminhava.
— Vem. — disse apenas, sem olhar para trás.
Segui-o até a sala de jantar. E ali, mais uma vez, percebi que não fazia parte desse mundo. A mesa longa, iluminada por lustres de cristal, já estava posta. Pratos de porcelana, taças de vinho servidas, travessas com comida quente que as empregadas dispunham com precisão quase militar. Não era apenas uma refeição. Era encenação de poder.
Sentei-me devagar, sentindo os olhos dos empregados em mim. Zeus ocupou a cabeceira, postura ereta, como se aquele fosse o trono natural dele. Bastou um gesto discreto da mão, e todos os emp