As companheiras

Ponto de vista de Benjamin

Ainda hoje, quando fecho os olhos, consigo ver o rosto dela: o cabelo preso num rabo de cavalo, as sardas no nariz, o jeito distraído com que ela ria de algo que eu não ouvi. Era uma cena comum — duas meninas andando de mãos dadas pela rua do mercado, rindo alto, com sacolas de compras — e foi esse detalhe de comum que me queimou por dentro. Porque era exatamente aquilo que eu queria: algo comum, humano, simples. Uma companheira. Alguém para dividir a vida, o riso, o cansaço.

Eu e Bernardo crescemos com ausência. Crescemos com ordens e treinamentos, com a sensação permanente de que precisávamos ser maiores, mais fortes, melhores que tudo que existia à nossa volta. Mas por debaixo da força, por baixo do uivo e dos golpes, havia um vazio que eu não sabia nomear. Vazio de noite de conversar até tarde, de ter uma mão para segurar quando o medo vinha. Vazio de ternura sem rituais, sem posição no Conselho.

Quando Mara esteve no refúgio, havia algo diferente no ar.
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