Capítulo 6 – A Reunião
O grande salão estava silencioso, tenso. De um lado, Lorenzo; do outro, os Martins, incluindo Mateus, com o semblante fechado.
O representante mais velho de Lorenzo anunciou a proposta:
— Queremos que Melissa seja enviada à sua família como noiva, em substituição a Catarina.
Mateus engoliu em seco, franzindo a testa.
— Por quê? — perguntou, a voz firme. — O acordo entre nossas famílias já foi feito há anos. Por que agora querem trocar a noiva?
O ancião da família Lorenzo explicou:
— Catarina vive no campo. Não está acostumada com esta vida. Melissa, sim. Ela está preparada e poderá honrar o acordo como deve ser.
Mateus engoliu em seco, o rosto fechado. Aquela proposta parecia estranha, e uma raiva silenciosa cresceu dentro dele. Nunca vou aceitar casar com a mimada da Melissa, pensou, enquanto o salão inteiro permanecia em silêncio, cada gesto e olhar carregado de tensão.
Ele sabia que não poderia reagir impulsivamente. Mas, por dentro, o conflito crescia: alianças, acordos antigos e sua própria vontade estavam prestes a colidir.
O silêncio permanecia no salão. Mateus respirou fundo e, por fim, respondeu com calma:
— Antes de qualquer decisão… quero conhecer minha noiva. Se ela mesma quiser romper o acordo, aceitarei.
Todos o observaram, mas quem mais reagiu foi o pai de Catarina. Por fora, ele se manteve neutro, apenas com um aceno leve de cabeça. Por dentro, sua mente fervia.
Isso jamais pode acontecer. Catarina nunca terá poder, nunca poderá questionar o passado ou descobrir meus erros.
Ele então pensou friamente: Vou manipular a situação. Farei com que Melissa seja a escolhida. Catarina deve continuar no papel de menina ingênua do campo. Assim, tudo permanece sob controle.
Após uma semana, o pai de Catarina chegou ao interior para buscá-la. Observou a neta da velha senhora e não notou nada de estranho. Aos olhos dele, Catarina era apenas uma jovem ingênua do campo, com vestidos simples e claros, cabelos soltos e olhar sereno.
Exatamente o que ele queria acreditar.
Mal sabia que aquela aparência era apenas uma máscara. Por trás da doçura montada, Catarina carregava cinco anos de sangue, precisão e segredos.
Enquanto ele sorria satisfeito, certo de que a filha era dócil e controlável, Catarina, em silêncio, pensava: Perfeito. Quanto mais ele acreditar nessa farsa, mais fácil será o meu jogo.
Assim que chegou, o pai de Catarina foi recebido pela avó dela. De olhar desconfiado, ele caminhou pela casa simples e velha, franzindo o cenho. Para ele, aquele lugar não passava de um fim de mundo.
— E a rotina dela? — perguntou em tom desdenhoso. — O que fazem aqui para passar o tempo?
A velha, firme, respondeu:
— Trabalhamos na terra, cuidamos dos afazeres. É uma vida calma, mas honesta.
Ele percorreu o olhar pelos móveis gastos, pelas paredes descascadas, e um sorriso irônico surgiu. Ela não deve ter aprendido nada além de plantar e costurar. Talvez nem mesmo educação decente tenha recebido.
Satisfeito com a ilusão que via, acreditou ainda mais que Catarina era apenas uma moça ingênua, incapaz de ameaçar seus planos.