9

Capítulo 9 – O Jogo da Reunião

Naquela mesma tarde, Catarina deixou o hospital e foi levada de volta à mansão da família. O silêncio dentro do carro só era quebrado pelo som dos pneus no asfalto. O pai, ao lado dela, não disse uma palavra, apenas a olhava de relance com uma mistura de desconfiança e irritação.

À noite, os corredores da mansão já estavam tomados por vozes graves e passos pesados: era a reunião da família. Catarina sabia que ali o peso do nome Martins se mostrava em toda sua força.

Antes de sair de casa , foi chamada pelos pais. A madrasta se aproximou primeiro, ajustando o vestido dela como se fosse um manequim. O pai, em tom seco e impositivo, deixou claro:

— Hoje você vai romper esse noivado. Não há discussão.

Catarina apenas sorriu de leve. Para ela, aquilo não era ruim. Quanto mais tempo se mantivesse nesse jogo de aparências, mais difícil seria para voltar sua antiga vida , quem ela realmente era por trás daquela fachada de filha ingênua.

Catarina se arrumou sozinha em seu quarto, o silêncio apenas quebrado pelo leve som de seus próprios passos. Ao se olhar no espelho, viu o reflexo da nova versão de si mesma.

O vestido preto, colado ao corpo, tinha um corte lateral que deixava suas pernas expostas de forma ousada. O decote em formato de coração valorizava sua silhueta, equilibrando elegância e provocação.

O cabelo estava perfeitamente preso em um coque baixo, impecável, mas sob aquela aparência de moça refinada, ela escondia um punhal afiado como uma lâmina mortal.

No pescoço, brilhava um colar de diamantes negros, que reluzia sob a luz amarelada do quarto. Suas mãos cobertas por luvas de cetim pretas davam a ela uma aura misteriosa, quase sombria.

Enquanto se observava, um sorriso frio surgiu em seus lábios. Não era apenas mais uma reunião de família. Era o palco perfeito para jogar o jogo.

A festa começou com música suave e o tilintar de taças sendo erguidas. As conversas se espalhavam pelo salão iluminado por lustres de cristal, até que o mestre de cerimônias anunciou a chegada dela.

Todos os olhares se voltaram para a escadaria.

Catarina surgiu no alto dos degraus, seu vestido negro moldando cada curva, o corte lateral revelando a pele pálida sob a luz dourada. O decote em coração parecia feito para provocar, mas o que realmente hipnotizava era a frieza em seus olhos.

Ela descia lentamente, degrau por degrau, como se dominasse cada segundo

No centro do salão, entre os convidados mais poderosos, estava Matheus. O homem a observava em silêncio, a expressão firme, mas dentro dele um choque: ele lembrava perfeitamente quem era aquela mulher.

No instante em que Catarina chegou ao último degrau, sua presença foi oficialmente anunciada:

— Catarina, filha mais velha da família Lorenzo.

Um burburinho percorreu o salão. Muitos convidados trocaram olhares rápidos, e o desprezo era evidente. Para eles, aquela garota não passava de uma camponesa deslocada, alguém que havia vivido no interior e jamais poderia ter a educação ou a sofisticação necessária para estar ali.

Catarina sentiu o peso dos olhares, mas não se abalou. Sua postura ereta e o ar sombrio que carregava desafiavam silenciosamente cada julgamento.

Melissa, por outro lado, aproveitou o momento. Com um sorriso radiante e um vestido claro que destacava sua juventude, caminhou entre os convidados, exibindo-se como um troféu. Ao se aproximar da irmã, não perdeu a chance de se destacar, contrastando sua imagem delicada e “perfeita” com a imponência sombria de Catarina.

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App