Mundo de ficçãoIniciar sessãoCapítulo 6
Milena criou a confusão no hall; sirenes abafadas, fumaça e gritos desviavam os capangas do Don para a entrada. Jonatas e Juliana aproveitaram a distração, correndo pela passagem de serviço, descendo escadas estreitas e curvas até uma saída lateral mal iluminada. Dois homens surgiram na rampa, bloqueando a saída — móveis empilhados, armas erguidas. Não havia tempo para estratégia longa. Foi luta curta e direta: Jonatas soltou dois golpes rápidos, derrubou o primeiro; Juliana atacou o segundo com um gancho seco que o fez recuar. Eram oponentes experientes, mas nada que os dois não pudessem enfrentar… até o assistente do Don aparecer. Ele entrou como sombra, discreto e preciso, um aparelho pequeno na mão que zunia com energia. Num movimento, liberou uma descarga direta em Juliana. O choque atravessou o corpo dela; os músculos se fecharam, a visão foi para listras de luz. Juliana tentou reagir, mas a eletricidade a imobilizou no chão. — Pegue-os! — ordenou o assistente, voz controlada. Capangas apareceram por todos os lados. Jonatas tentou proteger Juliana, mas foi surpreendido por uma coronhada; sentido apagou sua consciência pouco depois. Em minutos, os dois estavam algemados e carregados como troféus. Milena, do lado de fora, viu a cena — correu, tentou intervir, mas foi contida por dois homens que a empurraram para dentro do beco. Sem chances. Juliana saiu desacordada, drapeada sobre o banco traseiro de um carro blindado. O último pensamento antes do escuro foi a certeza fria de que estavam sendo levados para a mansão do Don — e de que, a partir dali, nada mais seria simples. Juliana acordou primeiro. O corpo ainda sentia o efeito do choque — músculos pesados, respiração irregular — não cedeu ao pânico. A sala era ampla, com janelas altas cobertas por cortinas pesadas. O cheiro de madeira encerada e vinho caro impregnava o ar. Algemas frias prendiam seus pulsos na cadeira. A poucos metros, Jonatas estava desacordado, preso da mesma forma. Dois homens armados faziam guarda perto da porta, imóveis como estátuas. O silêncio foi quebrado pela abertura lenta da porta principal. O Don entrou. Alto, elegante, impecável no terno escuro, os olhos claros e perigosamente calmos. Não havia fúria nele — apenas o interesse, de um predador observando a presa capturada. Ele caminhou até Juliana, inclinando-se próximo o bastante para que ela sentisse o perfume amadeirado misturado com a ameaça implícita. — Você é ainda mais interessante de perto… — disse, em voz baixa, quase um elogio. — Lutou, resistiu, fugiu. Uma presa difícil, exatamente como eu gosto. Juliana manteve o olhar firme, sem demonstrar medo, embora as algemas apertassem seus pulsos. — Se pensa que vou facilitar sua vida, já começou errado. O Don sorriu, como se esperasse exatamente aquela resposta. — Melhor assim. Presas fáceis nunca divertem. Ele se endireitou, fazendo sinal para o assistente. — Preparem os aposentos. Quero que ela seja tratada como… especial. Jonatas começou a se mexer, despertando devagar, confuso e irritado. Antes que pudesse falar, o Don completou: — Ah, e o amigo dela? joguem ele de volta onde pegaram, nao gosto de homens perto do que é meu Dois capangas abriram a porta pesada de madeira entalhada e a empurraram suavemente para dentro. Juliana caiu em silêncio diante do contraste: o quarto era amplo, mobiliado com tons quentes — vermelho profundo, dourado discreto e marrom elegante. Tapetes grossos abafavam os passos, as cortinas de veludo deixavam a luz entrar apenas o suficiente para destacar a grandiosidade do lugar. Na lateral, um banheiro exclusivo, impecável, mármore escuro e metais brilhando. Sobre a cama king-size, uma pilha de roupas novas: vestidos, camisolas de seda, além de uma caixa com produtos de higiene básicos. Nada era exagerado, mas tudo exalava riqueza. Um dos homens falou de forma direta, sem se importar se ela estava cansada ou furiosa: — Três horas. É o tempo que tem para descansar, se recompor e se apresentar. O Don não gosta de atrasos. Seria… inteligente não irritá-lo. Eles deixaram o aviso suspenso no ar, fecharam a porta e trancaram do lado de fora. Juliana permaneceu de pé por alguns segundos, os olhos varrendo cada detalhe. _ Presa em ouro porem ainda era presa. Ela respirou fundo, soltou o cabelo em um gesto automático, e murmurou para si mesma: — Três horas… tempo suficiente para pensar em como transformar esse jogo contra ele.






