CAPÍTULO 143.

— Ok. Você quer saber por quê? Está bem. — a voz da Vera é seca, mas tem um riso contido, um riso nasal que corta mais que qualquer faca. — Ele queria um filho, mas ele era estéril. Eu precisava sair da periferia, já tinha um filho e estava grávida de sei lá quem. Eu tinha o que ele queria, e ele tinha o que eu precisava. Se não fosse porque Marília precisava de transplante de sangue, ele nunca ia descobrir que Marília não era filha dele. Mas, bom... a doença estragou tudo.

Fico olhando para ela. Não acredito no que acabei de ouvir. Não pela revelação, mas pela frieza. Pela falta de culpa. Pela forma como ela conta tudo como se fosse uma negociação barata, um jogo de sobrevivência onde moral não tem espaço.

— Você não se sente mal por isso? Por que fazer ele acreditar numa mentira?

Ela ri. Mesmo com o rosto machucado, infachada, provavelmente com dor no corpo inteiro, ela ri de mim.

— Darina... será que você não entende nossa situação? Será que tenho que te lembrar que somos frutos da
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