CAPÍTULO 142.
Darína.
Eu apaguei. Simplesmente caí num sono profundo, como se meu corpo tivesse desistido de suportar o peso do que vivi. Quando acordo, a dor é a primeira a me lembrar que estou viva. Uma dor surda no estômago, latejando como se a alma tivesse sido rasgada. E então a lembrança vem. Não devagar. Não gentil. Ela me atropela.
Eu matei alguém.
Sento na cama num pulo, com o coração martelando dentro do peito. Meus olhos percorrem o quarto espaçoso, a decoração luxuosa, os detalhes que gritam que estou na mansão. A mansão de Eliyahu. Foi ele. Ele veio me buscar. Ele me salvou.
Mas nada apaga o que fiz.
Me lembro de tudo, como se revivesse, quadro a quadro: o cinto apertado no pescoço da minha irmã, os olhos dela ficando vidrados, o som abafado dos meus sobrinhos gritando presos no quarto. Me lembro dele vir para cima de mim, as mãos duras no meu pescoço, o desespero na minha garganta tentando escapar... até que o vidro. O vidro na minha mão. Cravado no pescoço dele. O sangue quente. Os p