CAPÍTULO 144.
No sonho, tudo parece real demais. Estou no meu quarto, mas ele tá diferente. Tá escuro, pesado. O ar cheira a mofo e medo. Tento acender a luz, mas o interruptor não funciona. Ouço um rangido vindo do canto do quarto. Me viro devagar, com o coração batendo na garganta. A sombra de um homem começa a ganhar forma.
Meu estômago revira quando reconheço.
É ele. Meu cunhado.
O vidro ainda está cravado na garganta dele. O sangue escorre grosso, preto, como se fosse tinta suja. Os olhos dele estão revirados, brancos como mármore, mas mesmo assim parecem me ver. Ele abre a boca, e o som que sai não é humano.
— Assassina.
— Monstro.
Tento correr, mas minhas pernas não respondem. Elas tremem e falham. Me sinto colada ao chão, como se estivesse dentro de um pesadelo — e eu tô, né? O problema é que mesmo sabendo, não consigo acordar.
Ele avança.
Eu grito. Chuto. Me debato. Ele me agarra com mãos frias como gelo e me puxa pra dentro da escuridão. E eu... acordo.
Ofegante. Tremendo. O quarto ainda