A chuva começou a cair leve, fina como véu, enquanto Adam e Ana permaneciam à entrada da caverna, os corpos exaustos, os olhos vazios de tanto horror. O sangue do intruso recém-morto se misturava ao barro que escorria pelo chão, levado pela água que se infiltrava pelas pedras. O som da chuva era um lamento, um sussurro da floresta em luto.
Adam limpou a lâmina no manto do morto, o olhar perdido no vazio. Ana tremia, não de frio, mas pela descarga de tudo o que viveram nas últimas horas. A mão dele encontrou a dela, apertando com força.
— Acabou? — Ana perguntou, a voz quase inaudível.
Adam demorou a responder. O instinto, aquele faro aguçado de quem já vivera muitas caçadas, gritava em sua mente que não. Não tinha acabado. A morte daquele homem fora apenas uma peça derrubada no tabuleiro.
— Não. — Ele finalmente disse. — Isso foi só o começo.
Eles enterraram o corpo ao pé de uma árvore retorcida, a chuva agora mais forte lavando o sangue das mãos e do chão. Não houve palavras, não hou