O amanhecer chegou sem pedir licença.
O galpão estava mergulhado em uma penumbra azulada, cortada apenas pelos raios tímidos de sol que escapavam por entre as frestas do telhado velho. Ana acordou com a cabeça sobre o peito nu de Adam. O coração dele batia forte, como se cada pulsar anunciasse o perigo que ainda rondava.
Ela o observou em silêncio. Os olhos dele estavam abertos. Não dormira.
— Você ficou vigiando a noite inteira? — ela perguntou, a voz rouca.
— Não confio que estamos seguros ainda. — Ele passou os dedos pelos cabelos dela. — E... eu queria te ver dormindo.
Ana sorriu com tristeza.
— Isso não é romântico. É trágico.
— Bem-vinda ao que sou. — Ele a beijou na testa. — Metade homem, metade maldição.
Ela se ergueu, cobrindo o corpo com o cobertor fino. Seus músculos doíam, mas não era apenas o cansaço da noite. Era o peso da verdade, da morte que sempre parecia próxima.
— Helena já voltou?
Adam balançou a cabeça.
— Não. E, sinceramente, prefiro que não volte. Ela é imprevi