Capítulo 2

Como ele poderia ser capaz de abandoná-la no hospital e passar a noite com sua amante?

Ângela se casou com Heitor Torres por amor, não apenas por um acordo entre as famílias Torres e Velar.

Ela estendeu a mão e tocou a gola de sua camisa.

— Como pode fazer isso? Eu acabei de perder o nosso filho...— ela gritou e segurou com força em sua camisa branca.

As lágrimas descendo profusamente pelo seu rosto, Heitor segurou em seus pulso tentando conte-la.

As pessoas ao redor da recepção observavam a cena e seus sussurros aumentavam.

"Veja, aquele homem não é Heitor Torres?"

"Sim, CEO das indústrias Torres, aquela é sus esposa. Ao que parece acabou de perder mais um filho deles."

"Será que eles vão se divorciar?"

Ângela continuou segurando a camisa de Heitor, o homem a arrastou para fora da recepção.

Para a chuva.

— Você ficou louca? — ele gritou, e segurou seus pulsos os puxando para longe de sua camisa.

— Louca? Você me abandonou aqui...— ela gritou de volta.

Ângela sentia a chuva caindo fria e cortante ao redor deles, ela olhou nos olhos cinza de Heitor procurando alguma esperança neles.

— Ângela, você está patética. — ele rugiu e se virou em direção ao carro estacionado na calçada.

Seus olhos o fitaram se afastando dela, deixando-a parada na chuva.

Devia entrar no carro com ele?

Não.

Quando Heitor entrou no carro, ele baixou o vidro e acenou para que ela entrasse, mas quando deu um passo na direção dele, seu olhar recaiu novamente na gola branca manchada de batom.

Virou de costas.

Segundos depois, ouviu o carro se afastando.

Ele realmente não se importa comigo?

Sentiu seu coração sendo apertado no peito.

Seu celular de repente vibrou, Ângela retornou até a cobertura da porta do hospital e atendeu o celular.

As gotas de chuva do seu cabelo pingando na tela que iluminava o nome "Ana Clara".

Atendeu.

— Ângela? Meu Deus eu soube do aconteceu... Heitor disse que buscaria você. — sua voz era cuidadosa e Ângela sentiu vontade de chorar.

Heitor...

— Ele não vai me levar para casa. Nós brigamos.

A mulher do outro lado permaneceu em silêncio e Ângela sabia que não era nenhuma novidade para sua melhor amiga que ela e Heitor brigaram.

— Eu vou buscar você. Qual hospital?

— Homerio Sanches.

Ângela desligou e olhou para onde o carro de Heitor estava.

Ele havia passado a noite com sua amante após deixá-la sozinha no hospital.

Quando foi que nós nos afastamos tanto ao ponto dele ser tão frio comigo? Pensou ela.

Sentiu sua cabeça girar, sentindo-se tonta de repente.

O doutor José Roberto havia dito ela havia perdido muito sangue e precisava ficar mais tempo internada, porém ela queria ir para casa.

Queria conversar com Heitor, mesmo depois da discussão.

Alguns minutos depois, um SUV preto encostou na calçada e Ângela sabia que era Ana Clara antes mesmo dela sair do carro.

— Ângela! — a ruiva a abraçou apertado.

Ângela entrou no carro e durante o caminho, contou tudo que aconteceu para a outra mulher.

— Então ele passou a noite com outra mulher. Talvez ele esteja apaixonado. — Ana Clara sugeriu sem tirar os olhos da estrada.

Ângela sentia um buraco se abrindo em seu peito, suas mãos tremiam.

— Apaixonado? Não... — ela negou.

— Ângela, por que você não pede o divórcio? Heitor está traindo você e com todos esses abortos... talvez não seja para ser.

— Não! Ele não pediu o divórcio por todo esse tempo, eu não farei isso.

— E se ele pedisse? O que faria? — Ana Clara perguntou.

Ângela olhou para a amiga, seus olhos verdes atentos a cada palavra sua. Então, olhou para a cor de seu batom.

Era de um tom de vinho escuro, idêntico ao que ela viu na camisa de Heitor.

Antes que pudesse falar, o celular de Ana Clara vibrou e rapidamente ela o desligou.

Ângela limpou as lágrimas.

Sentiu uma sensação estranha.

Desde que Ana Clara havia perdido os pais em um acidente de carro, ela estava morando com Ângela e o marido, isso fazia três anos.

— Ele não vai pedir. Meu casamento ainda não acabou.— respondeu.

Ângela chegou em casa e a primeira coisa que fez foi pegar o telefone de uma clínica de fertilidade.

Discou o número.

— Alô? Eu quero marcar uma consulta.

Um Ano depois

Seus olhos estavam arregalados, seus dedos tremiam enquanto segurava o teste de gravidez.

— Vai...por favor. — sussurrou olhando para o teste.

Quando o positivo brilhou, seu coração acelerou. Sentiu que o mundo estava de volta ao seu lugar.

Seu longo tratamento na clínica Charles havia produzido resultado.

Estava grávida novamente e desta vez tudo daria certo.

Sentiu as lágrimas descendo do seu rosto e tocou seu ventre.

De repente, a porta do banheiro se abriu.

— Ângela? — Ana Clara surgiu, seu olhar verde felino recaiu sobre o teste de gravidez em suas mãos.

Ela levou as mãos a boca surpresa.

— Você está grávida.— disse e antes que Ângela pudesse dizer algo, Heitor surgiu atrás de Ana Clara.

— Grávida?

Seus olhos cinzas a fitavam.

Ele nunca realmente acreditou que os procedimentos da clínica pudessem dar certo.

Seus olhos ficaram marejados.

Ângela se levantou.

— Sim. Estou grávida. — tocou o ventre.

— Vou deixar vocês sozinhos. — Ana Clara disse e saiu do quarto.

. . .

A mulher cerrou os punhos e foi até a cozinha.

Pegou algumas laranjas e começou a preparar o suco.

Quando finalmente terminou, pegou um pequeno frasco com algumas gotas.

Olhou para ele.

— Grávida? Apenas por enquanto. — disse para si mesma e despejou várias gotas sobre o suco.

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