Ângela fechou levemente os olhos enquanto as mãos de Heitor acariciavam seu ventre.
Ela estava deitada na cama, seus pés balançavam para fora das cobertas e o homem estava sentada ao seu lado.
— Vai dar certo agora, Heitor. — ela disse quando viu uma sombra em seus olhos.
Heitor engoliu em seco e voltou seu olhar para Ângela.
— Como sabe que não vai acontecer tudo de novo... que você não vai...
Ela colocou um dedo em seus lábios.
— Esse bebê vai nascer. Sei disso.
O homem assentiu e Ângela segurou suas mãos.
Olhou para a aliança nas mãos de ambos.
— Heitor...
— Talvez devêssemos viver sozinhos. — ele disse de repente.
Ângela franziu o cenho. Do que ele estava falando?
— O que?
— Talvez sua prima, Ana Clara devesse alugar um apartamento.
Antes que Ângela pudesse perguntar desde quando ele estava pensando sobre aquilo, a voz de Ana Clara surgiu no corredor.
Ela entrou no quarto segurando uma bandeja de madeira com um copo de suco com gelo.
— Muito cedo para mimar a grávida? — perguntou, sua voz doce.
Ângela olhou para Heitor que pigarreou e se levantou.
— Preciso ir trabalhar. — Anunciou e olhou para Ângela.
Ele abriu a boca para dizer algo, mas Ana Clara o interrompeu.
— Pode ir. Vou cuidar muito bem da minha prima.
A mulher sorriu e caminhou em direção a cama, colocando a bandeja no criado mudo ao lado da cama.
Heitor olhou uma última vez para Ângela.
— Estarei em casa logo. — disse e lançou um olhar para Ana Clara.
Quando a porta se fechou, Ângela deitou e sorriu.
— Viu? Eu disse que meu casamento não terminou.
Ana Clara se sentou na ponta da cama.
— Você acha que ele realmente não vê mais a amante? — a mulher insinuou.
Ângela se sentou na cama e olhou para a prima.
— Desde que comecei o tratamento para engravidar ele está mais presente...na cama. — revelou e teve a certeza de ver uma centelha de raiva nos olhos verdes da prima.
— Isso não significa que ele não veja mais a amante.
Ângela engoliu em seco e sentiu um nó se formando em sua garganta.
Por que ela estava falando aquelas coisas? Queria deixá-la chateada?
— Me deixe sozinha agora. Quero descansar um pouco. — pediu.
Ana Clara assentiu e se levantou.
— Não esqueça de beber o seu suco. Vai fazer bem para o bebê. — sorriu e cobriu os pés de Ângela.
. . .
No corredor, Ana Clara tocou o vidro com o veneno que havia colocado no suco de sua prima.
— Heitor só terá filhos com ela por cima do meu cadáver. — murmurou para si mesma.
O ódio a envolvendo como uma cobra silenciosa.
Pegou seu celular e digitou uma mensagem para Heitor.
"Vamos nos ver essa tarde?"
Alguns segundos depois, uma mensagem chegou.
Quando olhou para o celular, rangeu os dentes.
"Não."
Aquilo tudo era culpa de Ângela.
Desde que seu tratamento havia se iniciado, uma parte de Heitor acreditava que eles ainda poderiam ter um filho e ele estava cada vez mais distante dela.
"É importante. Preciso contar uma coisa sobre Ângela."
Digitando...
"Contar o que?"
"Vamos almoçar juntos."
"Ok."
Alguns minutos depois, Ana Clara entrou no restaurante com seus saltos altos e levou apenas alguns segundos para encontrar Heitor sentado em uma mesa na parte mais reservada do restaurante.
Ele não quer ser visto comigo? É isso? Pensou com desdém Ana Clara.
Ela tirou uma mecha de cabelos ruivos do rosto e caminhou até ele.
Seu decote era profundo e Heitor olhou para seus seios por meio segundo, como se sentisse culpado, ele desviou o olhar.
— Eu pensei que tivesse sido claro com você há um ano atrás. Entre nós foi um erro. — o homem disse.
Ana Clara observou como ele evitava olhar para ela.
Sua barba estava feita e seus cabelos escuros devidamente penteados.
Seu terno se ajustava perfeitamente em seu corpo, o relógio caro com diamantes em seu pulso o deixava ainda mais bonito.
Por que Ângela poderia tê-lo e ela não?
Ela já tinha tudo, sua mãe foi uma violinista famosa, seu pai era um grande empresário do ramo de alimentos...
E ela? Seus pais faliram e morreram em um acidente de carro, deixando-a sozinha aos 17 anos.
Sem ter como pagar sua casa, sua faculdade...
E a quem ela teve que pedir ajuda?
A sua prima perfeita.
— Eu entendi. Mas você tomou essa decisão por culpa, pelas palavras idiotas de Ângela ao dizer que você estava sendo castigado. E se eu disser que ela está traindo você?