Minha Adorada Acompanhante
Minha Adorada Acompanhante
Por: J.P Andrade
Capítulo 1

— Sinto muito, Sra. Torres, mas receio que não possa engravidar novamente. Esse aborto trouxe complicações graves.

Ângela ouve o diagnóstico do médico em completo silêncio.

Seu olhar era vazio.

Era o terceiro aborto em cinco anos de casamento. Estava, por acaso, sendo punida por vidas passadas?

— Está dizendo que ela não pode mais engravidar? — Heitor Torres questionou o médico.

O homem se mantinha impassível ao lado da cama hospitalar. Seu olhar frio e distante.

— É improvável que isso aconteça — o médico respondeu com pesar. — Vou deixá-los sozinhos agora.

Quando o médico saiu, fechando a porta do quarto, quase esbarrou em uma mulher ruiva e alta, parada muito próxima à porta.

Heitor se voltou para Ângela, que fitava a parede branca à sua frente, atônita.

— Você fez de propósito.

Ao ouvir as palavras de acusação de Heitor, a mulher despertou, olhando na direção do marido.

— O quê? — sua voz estava rouca de tanto chorar.

Heitor puxou uma cadeira e se sentou de frente para ela.

— Você está me punindo, me negando a única coisa que eu desejo de você. Um filho. É isso que está fazendo, Ângela.

A mulher sentiu seu coração sendo despedaçado mais uma vez. Como ele ousa me acusar daquilo? Ele acredita que eu perdi meu filho de propósito para feri-lo? Pensou, indignada.

— Você só pode estar brincando comigo, Heitor. Acha que eu mesma provocaria um aborto para machucar você? Acha que eu não estou sofrendo? — gritou, sua voz ainda rouca.

Heitor a olhou com visível desprezo.

— Três abortos. Três vezes que acreditei que seria pai, e você me tirou isso.

— Será que realmente é culpa minha? Você nunca está em casa. — o acusou.

Heitor se levantou, indignado.

— Que culpa eu tenho? Depois de perder tantos filhos, espera que eu não sinta nada?— ele rugiu.

— Você acha que eu não sofro? — Ângela gritou.

Nem mesmo naquele momento de dor para ela, Heitor ficava ao seu lado.

— A culpa é sua. Seu único compromisso nesse casamento é gerar herdeiros, e até nisso você falha. Uma esposa inútil pra mim.

Ângela sentia as lágrimas ameaçando cair.

Maldito cruel...

Por que ele não a amava como ela o amava?

Como ele poderia ser tão perverso?

— Como você pode falar isso pra mim? Como pode ser tão cruel assim?

Heitor se virou e foi até a janela, ficando de costas para a esposa.

— Estou extremamente cansado do seu fracasso. — sua voz era fria como aço.

E cortava como aço também.

Como ele poderia desprezá-la tanto?

O que ela podia ter feito contra ele durante esses cinco anos para que ele a odiasse tanto?

— Você diz isso porque está apaixonado pela prostituta com quem está me traindo.— argumentou Ângela, sua voz repleta de mágoa.

Heitor se virou, seu olhar em chamas silenciosas.

— Prostituta? É isso que tem a dizer? — perguntou, furioso.

— Uma mulher que se deita com um homem casado não tem honra. Você também está abrindo mão da sua toda vez que se deita com ela. Deve ser por isso que Deus não permite que você tenha um filho...

Antes que pudesse terminar a frase, o homem cruzou o quarto e a segurou pelo pescoço, apertando com força.

— Desgraçada... se existe alguém sendo castigado aqui, é você, não eu! — esbravejou ele.

Ângela segurava seus pulsos, tentando em vão diminuir o aperto em seu pescoço.

Apenas quando viu seu rosto mudando de cor e seus olhos quase se fechando, Heitor a soltou.

Ela teve um acesso de tosse dolorosa enquanto tentava puxar o máximo de ar para seus pulmões.

— Queria nunca ter me casado com você — ele disse antes de fechar a porta.

Segundos depois, seu celular tocou e, ao ver o brilho da foto de seu pai, atendeu.

— Você perdeu o bebê novamente? — o pai perguntou imediatamente, e sua voz era fria.

Ângela engoliu em seco.

— Sim, pai.

— Como pode ser tão inútil? Uma única tarefa! Engravidar do seu marido! Dar um herdeiro à família Torres! Você está nos envergonhando!

Sentia seu coração sendo esmagado no peito. Realmente não havia ninguém para entender sua dor? Talvez, se sua mãe estivesse viva, entendesse a dor profunda que estava sentindo.

— Me desculpe, pai. Agora preciso desligar.

Não esperou resposta e desligou, deitando-se na cama hospitalar, completamente sozinha.

Tocou seu ventre, agora vazio, e chorou.

Na manhã seguinte, Ângela esperou na porta do hospital por Heitor, mas uma hora depois e ele não havia chegado.

Pegou seu celular e viu a mensagem de seu pai:

"Assim que estiver recuperada, venha me ver"

Respirou fundo.

De repente, Heitor surgiu na recepção.

Seus cabelos estavam úmidos ainda, e ele usava uma camisa de algodão branca, os botões fechados apressadamente.

Assim que se aproximou dela, Ângela viu marcas de batom em sua gola branca.

— Isso é batom? — ela questionou, sentindo todo o seu corpo estremecer. — Você me largou aqui no hospital e foi dormir com a sua amante?

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