O vestido era leve, de tecido fluido, cor de vinho profundo — como se alguém tivesse mergulhado uma taça de Borgonha em poesia.
Allegra se olhava no espelho com as mãos trêmulas e o coração acelerado. Sophia entrava e saía do quarto carregando grampos, batons, perfume, palavras de incentivo e sorrisos que diziam “você nasceu pra isso.”
— Não esquece de respirar — disse ela, ajeitando um cacho rebelde. — Mas se for pra desmaiar… desmaia de um jeito artístico, por favor.
— Já tô desmaiando por dentro. Isso serve?
— Desde que não manche o vestido, tá tudo bem.
Louis observava tudo do topo da cômoda, com sua gravata borboleta especial da noite: azul-marinho com estrelinhas douradas.
Às 18h43, o carro enviado pela galeria estacionou em frente ao prédio.
Às 18h59, Allegra segurava a mão de Sophia enquanto subiam os degraus da Galerie Montclair.
Às 19h em ponto, a porta se abriu. E o mundo ficou em silêncio por um segundo.
O espaço estava iluminado com luz suave, em tons âmbar e dourado. As