O calor do Brasil parecia respirar por si só. Não era apenas temperatura — era presença.
Lucia Mancini desceu do carro blindado no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, vestida com a neutralidade de quem não queria chamar atenção, mas inevitavelmente chamava.
Ao lado dela, Serena observava tudo com olhos atentos.
— Essa cidade… tem cheiro de passado escondido — disse Serena, baixinho.
Lucia concordou, sem sorrir.
— E todo passado escondido tem medo de ser revelado.
—
A Casa Costanza mantinha sua sede no Brasil disfarçada como uma clínica de restauração de arte. Fachada elegante, segurança discreta, e um silêncio respeitoso. Quem conhecia o lugar sabia que ali se restauravam mais do que telas antigas: reputações. Vidas. Identidades.
Lucia foi recebida por Gianna Costanza, sobrinha do Don da casa.
Alta, de cabelos crespos presos num coque firme, e um olhar de quem não se abalava com guerra alguma.
— Mancini — disse ela, estendendo a mão. — Não esperávamos sua visita. Mas... compree