A estrada era de barro vermelho, apertada e cercada por mata dos dois lados. A chuva fazia o carro tremer em certos pontos, e a trilha sonora do trajeto era o som do limpador de para-brisas e a respiração tensa no banco de trás.
Lucia encarava a carta aberta em sua mão. Serena, ao lado, segurava firme o braço dela.
— Você tem certeza?
Lucia assentiu.
— Essa casa... era da avó dela. Abandonada há anos. Quando éramos adolescentes, fizemos dela nosso refúgio.
Enterramos cartas. Fizemos pactos.
Foi lá que ela disse que nunca me deixaria.
— E você?
Lucia virou o rosto para a janela.
— Eu disse que a protegeria de tudo.
Exceto de mim mesma.
—
O carro parou onde não havia mais estrada. Os últimos metros seriam a pé. Adriana desceu primeiro, verificando o perímetro. Depois, fez um sinal.
Lucia e Serena caminharam sob a chuva. As folhas molhadas batiam nas pernas. O mato parecia engolir as lembranças a cada passo. Mas então… ali estava.
A casa.
Pequena. Envelhecida. Coberta por trepadeiras e t