Arrumar a mesa foi um exercício de puro terror. Minhas mãos tremiam tanto que a taça de vinho fina quase escapou, tilintando perigosamente. Foi Leo quem a segurou firmemente antes que se espatifasse no chão.
— Deixa — ele murmurou, baixinho, tirando-a gentilmente dos meus dedos congelados e colocando-a com segurança no lugar. Seu toque foi breve, mas a firmeza nele era um contraste gritante com meu caos interno. Sentamo-nos. Dante ocupou a cabeceira com a autoridade natural de quem sempre dominou qualquer espaço. Leo ficou à minha direita, eu à esquerda do meu pai. A mesa, posta com os poucos talheres bons que eu tinha, parecia um palco macabro. Dante despejou um vinho tinto encorpado nas taças. O líquido escuro refletia a luz fraca do lustre como sangue. — Saúde — disse Dante, erguendo a taça com um sorriso polido. Seus olhos escuros, porém, permaneceram frios — Ao futuro do casal. Leo ergueu a taça dele. Eu forcei a minha mão a fazer o mesmo