O restaurante estava fechado ao público, mas, em seu interior, a mesa principal estava ocupada por cinco homens. A madeira escura refletia o tremeluzir da luz suave do lustre, enquanto taças de vinho e cinzeiros transbordando de bitucas acompanhavam a conversa. Do lado de fora, a brisa marítima de Palermo soprava com a promessa de uma tempestade.
Salvatore Ricci, um homem de cabelos prateados e pele curtida pelos anos, exalou a fumaça do charuto com um suspiro pesado.
— O garoto cresceu — murmurou, num tom que misturava respeito e ameaça.
— Garoto não é a palavra — interveio Enzo Greco, com o braço apoiado na mesa, tamborilando os dedos sobre a madeira. — Dante Bellandi provou que não perdoa traições. Matou vinte e sete dos seus. Isso não se vê todo dia.
Giancarlo Bianchi, um siciliano de olhos claros e astúcia letal, deu um gole no vinho antes de falar.
— Ele fez rápido. Sem cerimônia. Sem hesitação. Igual ao Vittorio nos seus melhores tempos.
O nome de Vittorio Bellandi ecoou no ar.