O rugido do jato particular rasgava o céu com a mesma precisão de um bisturi cortando a carne. A cabine estava mergulhada em um silêncio tenso, interrompido apenas pelo zumbido constante dos motores e o leve tilintar dos copos de cristal quando algum dos homens movia o pulso com impaciência.
Dante estava sentado junto à janela, com um copo de uísque na mão e o olhar fixo no vazio. Ao longe, as luzes da cidade pareciam um enxame de vaga-lumes presos na escuridão da madrugada, mas ele não as via de verdade. Sua mente estava em outro lugar.
Svetlana.
Desde a noite do baile, desde o momento em que seus corpos haviam se entrelaçado com uma sincronia que ia além da dança, ele não conseguia tirá-la da cabeça. Havia algo nela que o desarmava. Não era apenas a fragilidade nem a vulnerabilidade evidente — era a forma como, sem perceber, ela estava se infiltrando em cada rachadura de sua existência.
Nunca se permitira pensar em uma mulher além do prazer, da conveniência ou do dever. Mas ela... e