Capítulo 2

Continuação

— Como você ousa me bater, e se jogar em cima de mim feito uma louca— ele avançou sobre mim, segurando meus pulsos com força.

— Desculpa! — gritei, tentando me soltar, tremendo de medo.

— Vou acabar com isso, bonequinha! — disse ele, mas dessa vez rindo, aquele riso sombrio que me deixava ainda mais nervosa.

— Como assim? Ah, não! — gaguejei, o coração disparado.

Ele mostrou as presas novamente, inclinando-se em minha direção, e no instante em que parecia prestes a morder meu pescoço, eu mordi o dele com toda a força que consegui.

Ele gritou, recuando surpreso, e eu não perdi tempo: me soltei e saí correndo, tropeçando nos móveis, derrubando uma vela e quase caindo de cara no chão.

De repente, a porta do quarto se abriu, e algumas pessoas do convento entraram, os olhos fixos em mim.

— Lua, você deve voltar imediatamente! — disseram, em tom autoritário.

— Eu não vou! — respondi, tremendo, mas firme. — Não vou viver presa! e não sou mercadoria pada ser vendida.

— Você não entende… — um deles disse, a voz carregada de desdém — você não é alguém que pode viver livre.

— Como é? — perguntei, cruzando os braços, curiosa e desafiadora. — Agora fiquei curiosa, porque?

Eles ficaram em silêncio, e naquele instante, me lembrei do homem. Olhei para trás… e não havia ninguém.

— Por acaso vocês viram alguém antes de entrar aqui? — perguntei, desconfiada.

— Não… — responderam em uníssono. — Agora vamos.

Eles começaram a me puxar com força, e eu tentei resistir, mas algo me chamou atenção no teto. Um morcego. Olhei melhor, e ele parecia nos observar com uma expressão quase humana. Um riso baixo escapou dele.

— Eu enlouqueci? — murmurei, tremendo. — Estou vendo coisas ou um morcego acabou de rir pra mim?

Antes que pudesse reagir, um dos homens me puxou com tanta força que me jogaram no chão. Quando olhei para cima de novo, os olhos do morcego estavam vermelhos. Num movimento rápido, ele caiu no chão e, diante dos meus olhos aterrorizados, se transformou naquele homem.

Ele se levantou, sentindo dor no pescoço. Então, percebi o lugar onde eu tinha mordido: estava brilhando.

Com um olhar furioso, ele encarou os homens que me seguravam. Num instante, eles caíram mortos diante dos meus olhos, sem chance de defesa.

O terror me paralisou. Meu corpo tremeu tanto que desmaiei de medo, enquanto ele se aproximava, imóvel e imponente, os olhos ainda brilhando com aquela luz vermelha que parecia atravessar minha alma.

— Jesus, Maria e José… onde é que eu fui me meter, senhor? Onde eu fui amarrar meu burro— sussurrei, tremendo ao encará-lo.

Ele passou a mão pelo pescoço, com uma expressão de dor que me fez recuar.

— O que você é? — perguntou, a voz baixa e tensa.

— O quê? — fiquei sem entender, confusa com a reação dele.

— Como você ousa ficar presa a mim desse jeito! — gritou, a raiva reverberando pelo quarto.

— Tá de brincadeira! Quem iria ficar presa a um vampiro? Meu Deus, para de ser louco! — gritei, desesperada.

Ele avançou, segurando minha mão com força.

— Desfaz agora o que você fez!

Instintivamente, dei um tapa em seu rosto. Ele recuou, chocado.

— Como você ousa! — rugiu, e naquele instante algo mudou: seus traços começaram a se distorcer, sua forma se tornando monstruosa.

Mas, antes que pudesse me atacar, a mordida que ele havia recebido brilhou novamente, queimando sua pele. Ele gemeu de dor, recuando de forma abrupta, e eu fiquei paralisada, sem entender o que acabara de acontecer.

— Tá repreendido, Satanás! — gritei, fazendo sinal da cruz e tropeçando nos meus próprios pés.

O efeito foi imediato: ele arfou, seus músculos relaxaram e, aos poucos, a monstruosidade se desfez, voltando à forma humana. Seus olhos, ainda brilhando de forma estranha, me fixavam com uma mistura de raiva e confusão.

— O que… o que você fez? — murmurou, ainda recuperando o fôlego.

Eu respirei fundo, tentando recompor-me, sem conseguir decidir se ria ou se fugia dali o mais rápido possível, então comecei a recuar.

— Você vai embora depois de me prender a você? Volta aqui, sua humana desprezível! — gritou ele.

— Eu hein! Volta pro caixão! — respondi, saindo correndo.

Saí correndo pelo corredor escuro da mansão antiga, tropeçando em móveis cobertos de poeira e derrubando velas pelo caminho. O som dos meus próprios passos ecoava pelo lugar, mas o que me aterrorizava era o barulho atrás de mim: ele vinha correndo, rápido e silencioso, seus olhos vermelhos fixos em mim.

— Volta pro caixão! Não vem atrás de mim não! — gritei, a voz tremendo de medo.

— Eu vou sugar até sua última gota de sangue! — ele respondeu, avançando com agilidade assustadora, mesmo parecendo, por algum motivo, enfraquecido.

Corri pelas escadas rangentes e saí pela porta dos fundos, entrando na floresta que cercava a mansão. Galhos e raízes me arranhavam o rosto e as mãos, mas eu não podia parar.

De repente, ouvi um tropeço atrás de mim. Ele caiu pesadamente, gemendo de dor. Seus olhos vermelhos piscavam, mais humanos que monstruosos, e por um instante me senti tentada a olhar para outro lado e correr de vez.

Mas ali estava ele, caído, indefeso. Meu coração disparou, dividido entre o medo e algo que eu não conseguia explicar: compaixão, ou talvez apenas curiosidade macabra.

Se eu o ajudasse, poderia ser minha última chance de sobreviver… ou me colocar em perigo novamente.

Se eu fugisse, ele poderia morrer ali, sozinho, e aquela sensação de responsabilidade me pesava no peito.

Ficar ou fugir. Salvar ou sobreviver.

Meu corpo travou, o coração a mil. E naquele instante, a decisão parecia impossível.

— Eu vou matar você! — rugiu atrás de mim.

Ele estava caído no chão da floresta, os olhos semicerrados, respirando de forma irregular. Pela primeira vez, parecia realmente vulnerável. Meu coração ainda disparava, mas a adrenalina deu lugar a uma estranha mistura de medo e curiosidade.

— Tá… acho que vou ter que te ajudar — murmurei, aproximando-me com cautela.

Ver sua pele pálida e ainda brilhando de forma estranha me fez hesitar por um instante, mas respirei fundo e me ajoelhei ao lado dele. Peguei alguns galhos finos e algumas cordas que eu tinha pego no caminho — nunca se sabe quando cordas podem ser úteis — e improvisei uma espécie de maca para carregá-lo.

Enquanto o levantava, senti o peso dele e a estranha força que ainda emanava mesmo desmaiado. Coloquei-o no chão com cuidado e amarreis os braços e pernas dele de forma firme, garantindo que ele não pudesse me atacar se acordasse de repente.

— Pronto… — disse, recuando alguns passos, tentando esconder o alívio e o nervosismo na minha voz. — Agora você vai ficar quietinho, e eu vou decidir se cuido de você ou… bem, se você sobreviver, ótimo.

Ele não respondeu. Estava desmaiado, mas os olhos ainda fechados pareciam pulsar com aquela luz vermelha, lembrando-me de que, mesmo vulnerável, ele continuava sendo perigoso.

Olhei ao redor, na floresta silenciosa, e percebi que, naquele momento, a decisão de ajudá-lo havia me colocado em um impasse: confiança? Sobrevivência? Ou curiosidade que eu nem queria admitir?

Eu suspirei e me preparei para carregar o perigo consigo — ele — de volta para a mansão, com cada passo cheio de tensão e adrenalina.

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP
Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP