Capítulo 3

Continuação.

Carregar aquele peso até a mansão não foi fácil. Cada galho, raiz ou pedra parecia conspirar para me derrubar, e eu tropeçava mais vezes do que queria admitir. Mas mantive o foco: ele estava amarrado, e eu ainda tinha alguma vantagem… pelo menos momentaneamente.

Quando cheguei à porta da mansão, meu coração disparou novamente. A escuridão parecia me engolir, mas não podia parar agora. Empurrei a porta rangente e entrei, sentindo o cheiro de mofo e velas queimadas misturado com algo… estranho. Ele ainda estava desmaiado, mas eu podia sentir a energia que emanava dele, mesmo preso.

— Tá, agora você fica quietinho — murmurei, ajeitando as cordas ao redor dele. — Se tentar alguma coisa, prometo que vou… bem, vou correr ainda mais rápido.

Ele gemeu levemente, como se reconhecesse minha voz, mas não se moveu. Segurei a respiração, sentindo uma mistura de triunfo e medo. Era incrível como alguém tão poderoso podia parecer tão… humano quando vulnerável.

Olhei para os corredores escuros da mansão e percebi que, mesmo amarrado, ele ainda emanava perigo. Cada pequeno movimento dele me deixava alerta, cada suspiro parecia uma promessa de caos.

— Ótimo — murmurei, dando um passo para trás. — Agora é só decidir se vou… cuidar de você ou… me preparar para a próxima corrida pela minha vida.

Um riso nervoso escapou da minha boca. Eu nunca imaginei que salvar alguém tão perigoso pudesse ser tão… complicado.

E ali estávamos: ele, amarrado, inconsciente, mas ainda aterrorizante; eu, tremendo, mas determinada, no meio daquela mansão antiga que mais parecia um labirinto de sombras.

A tensão pairava no ar, e eu sabia que, quando ele acordasse, nada mais seria como antes.

Ele mexeu os dedos lentamente, e um suspiro pesado escapou de seus lábios antes de abrir os olhos. Vermelhos e brilhantes, eles encontraram os meus instantaneamente, cheios de fúria contida e confusão.

Eu recuei um passo e, de repente, notei alguns dentes de alho esquecidos em uma tigela na cozinha próxima. Peguei rapidamente alguns e os espalhei ao redor dele, segurando o riso que ameaçava escapar.

— Caso você queira me atacar de novo — disse, apontando os dentes de alho na direção dele.

Ele simplesmente riu, balançando a cabeça.

— Hahaha… engraçadinha, hein? — disse, a voz carregada de sarcasmo. — Quer me derrotar com dentes de alho? Que estratégia ousada… vai ver só quando eu estalar os dedos e fizer você sumir!

Meu coração disparou. Fechei os olhos, esperando meu fim. Sentia que a qualquer momento ele poderia me atacar.

Quando finalmente abri os olhos… lá estava ele, de novo, com o pescoço brilhando e reclamando da mordida que eu havia dado.

— Que método ousado — murmurou, ainda rindo, tentando esconder o desconforto. — Dentes de alho e ameaças. Eu deveria estar assustado… mas só consigo admirar sua audácia, humana.

Eu dei um passo para trás, respirando fundo, tentando manter a calma e não rir diante daquela situação absurda. Ele ainda era perigoso, mas agora havia algo de cômico naquele embate bizarro entre humano e vampiro.

Por um instante, eu tinha o controle. E aquilo… era estranhamente divertido..

Ele começou a se mexer com mais força, arrastando-se pelo chão da mansão, tentando soltar os braços e pernas amarrados. As cordas rangiam sob a pressão, mas ainda resistiam.

— Ei! — gritei, recuando alguns passos. — Cuidado aí, vampiro desobediente!

Ele ergueu uma sobrancelha, um sorriso sarcástico surgindo nos cantos dos lábios vermelhos.

— Humana atrevida… acha mesmo que essas cordas me seguram?

— Por enquanto, sim! — respondi, pegando um pedaço de pano e tentando apertar ainda mais as amarras. — E se tentar algo, você vai sentir… — olhei para os dentes de alho espalhados — bem, vai ver só!

Ele riu, um som que misturava zombaria e dor.

— Ah, dentes de alho… que método refinado! Impressionante… ou quase. — Começou a se contorcer novamente. — Mas tentei te avisar: estalar os dedos é muito mais divertido!

Meu coração disparou. Aquela criatura era irritante e divertida ao mesmo tempo. Eu corri de um lado para o outro, ajustando as cordas e espalhando alguns dentes de alho estratégicos, sentindo que cada movimento meu era um jogo de poder entre nós.

Ele parou por um instante, olhando para mim com aqueles olhos vermelhos brilhando intensamente.

— Sabia que você não é tão previsível… humana — murmurou. — Isso me intriga… e me irrita.

— Então se acalme, porque eu sou a que manda aqui por enquanto! mal agradecido— respondi, cruzando os braços, tentando parecer firme, enquanto ele ria baixinho, quase divertido com a situação.

O silêncio caiu por alguns segundos, pesado, mas carregado de tensão. Ambos sabíamos que aquele impasse poderia explodir a qualquer momento. E eu não tinha a menor ideia do que ele faria quando recuperasse totalmente sua força.

— Por enquanto, você fica aí — sussurrei, mais para mim mesma do que para ele. — E eu tento não rir demais desse vampiro arrogante…

Ele apenas sorriu, claramente apreciando o desafio, enquanto eu me preparava para o próximo movimento naquele jogo estranho e perigoso que agora controlávamos.

Ele respirou fundo e, de repente, seus músculos amarrados pareceram se tensionar com mais força do que antes. As cordas rangiam, e eu quase tropecei para trás, surpresa com a rapidez com que ele começava a se libertar.

— Ah, então você resolveu acordar de vez… — murmurei, tentando esconder o nervosismo. — Só digo uma coisa: não é hoje que você me pega!

Ele ergueu o queixo, os olhos vermelhos brilhando intensamente, e soltou uma risada baixa, sarcástica.

— Impossível não admirar sua ousadia… Humana atrevida, você realmente gosta de me desafiar.

— Desafiar? — disse, cruzando os braços e tentando manter o tom firme. — Estou apenas… me defendendo!

Ele soltou um estalar de dedos de leve, e meu corpo tremeu.

— Se defender? — provocou, os dentes brilhando levemente. — Ah, eu estou quase convencido de que você gosta de brincar comigo!

A cada movimento dele, as cordas rangiam mais, e eu percebi que precisaria ser mais criativa para não perder o controle da situação. Peguei outro dente de alho e o joguei estrategicamente perto dele.

— Isso aqui vai ajudar — disse, tentando soar confiante. — E você não vai gostar nem um pouco.

Ele franziu a testa, um sorriso torto ainda nos lábios.

— Ah, dentes de alho…de novo— Então piscou de forma quase brincalhona. — Mas humano esperto que se preze sabe: nem todo vampiro respeita superstições!

Engoli em seco, mas mantive a postura firme. Ele estava se libertando, e eu sabia que precisava pensar rápido.

— Humano arrogante — murmurei, dando um passo para trás. — Só por precaução, acho melhor você ficar… quietinho.

Ele riu novamente, mas dessa vez mais baixo, quase divertido, como se estivesse apreciando o desafio que eu representava.

— Quietinho? — repetiu, provocando. — Que desperdício de potencial… Mas tudo bem, humana. Por enquanto, vou deixar você se sentir no controle.

— Você devia me agradecer por não ter deixado você pra trás, seu vampiro arrogante!

— Sua humana Atrevida!

O silêncio caiu, mas era pesado, carregado de tensão. Eu podia sentir que, a qualquer momento, ele poderia testar minha paciência… ou minha coragem.

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