Helena
O peso da noite anterior me arrastava como uma sombra invisível. Quando abri os olhos, o quarto estava mergulhado em uma penumbra silenciosa, apenas o relógio ao lado da cama marcando o tempo que parecia se arrastar. A lembrança da proximidade de Henry me queimava a pele e o peito, mas também havia aquele gosto amargo — o cheiro dele misturado ao meu, junto com o eco do toque áspero e invasivo do meu marido.
Por mais que meu corpo desejasse esquecer, a mente insistia em me lembrar do erro. Eu havia cedido — não por amor, mas por medo, por solidão e uma esperança desbotada de que algo ainda pudesse ser consertado.
O som da chuva fina lá fora parecia lavar as paredes da casa, enquanto eu me vestia com pressa, evitando qualquer espelho. Não podia encarar a mulher que vi na noite passada — uma mulher despedaçada, dividida entre o que queria e o que deveria.
Desci até a cozinha, onde os funcionários já começavam a movimentar-se para o dia. Cumprimentei cada um com um sorriso genuíno