Mundo de ficçãoIniciar sessãoAisha sempre ouviu que era um erro.Albina, parecendo frágil por fora, mas forte por dentro. O lugar que deveria protegê-la virou uma ferida aberta. Ela era chamada de monstro, vista como algo errado, uma lembrança ruim que ninguém queria. Sua única alegria era Cassandra. A irmã. O carinho. A única coisa que ela considerava casa.Cassandra morreu.E junto com ela, toda a bondade dentro de Aisha.Sobrou apenas uma coisa: vingança.Para isso, ela precisava enfrentar Artem, o homem que todos chamavam de demônio. O homem que tirou Cassandra dela. O plano era fácil: entrar na casa dele, a família de Artem procurava uma criança que tinha a mesma condição de Aisha , ela iria fingir ser uma menina perdida. Virar uma sombra, parecer inocente, ganhar a confiança dele... e depois destruí-lo por dentro.Mas ninguém sai inteiro depois de tocar o inferno.Porque Artem não era só o vilão da história. Ele era desejo, poder, escuridão com olhos que viam tudo. E Aisha, pensando que estava no controle, acabou presa na armadilha do seu próprio predador, fascinante, cruel, impossível de fugir.Ela buscava a morte.Mas encontrou algo muito pior.
Ler maisQueridas leitoras,
Ser escritora é viver em um mundo cheio de ideias, universos inteiros que nascem na nossa mente e nos permitem sonhar, sentir e fugir um pouco dos problemas do dia a dia. Espero que embarquem comigo nesse novo romance, que cada capítulo seja uma porta para emoções, suspiros e desejos. Não esqueçam de adicionar à biblioteca e acompanhar de perto cada reviravolta. ✨ Prólogo Aisha Talvez ela não devesse ter permitido que aquele sentimento crescesse dentro de si. O certo seria destruir cada partícula daquele homem, até não restar nada. Mas Artem Dragunov foi alguém que, em sua arrogância, ela ignorou: não viu a bandeira vermelha, não percebeu que ele era um pecado e uma perdição que ela jamais desejou. Reconhecia agora que o inferno para onde ele a arrastava era um tormento deliciosamente cruel. E, por fim, Aisha percebeu que estava doente, havia nela uma obsessão estranha e profunda pelo homem que jurou destruir. capítulo 1 O som da terra caindo no caixão foi abafado por risadinhas baixas. Aysha puxou o véu preto e cobriu o rosto. O dia estava chuvoso, sem o menor sinal de sol, mas mesmo assim seus olhos ardiam. O que mais a incomodava não era o tempo, eram as pessoas. Ela apertou o cabo do guarda-chuva. Chegou sua vez de jogar terra sobre o caixão de Cassandra... Tão linda. Tão cheia de vida. Tão diferente dela, que apenas sobrevivia, nunca viveu. Aysha pegou um punhado de terra com a mão e atirou sobre o caixão. Enquanto fazia isso, percebeu que seu pai olhava para outra direção e acompanhou o movimento com os olhos. Não houve surpresa quando viu quem estava ali: a amante de Arben Krastani. A mãe de Aysha havia morrido há menos de um ano e ele já exibia outra mulher ao lado. Todos sabiam que o caso extraconjugal existia muito antes de tudo acontecer. A amante tinha uma filha, e aquela garota acreditava ter direito ao sobrenome Krastani. Como se fosse uma delas. Não que Aysha tivesse orgulho daquela família. A corrupção que os envolvia era conhecida, e mesmo que ela não quisesse estar ali, o sangue a prendia como uma corrente. A terra caiu, seguida pelos sussurros. — É ela? — Uma mulher comentou, a voz quase sumindo. — Sim. Eu nunca vi alguém tão pálida. Ela chega a ser transparente. — Fale baixo, ela pode ouvir. — Ah, mas todos falam. Olhe só. Diga que não é uma criatura estranha. Aysha tentou ignorar, mas estava cansada. Por mais que fugisse dos olhares, sabia que pessoas diferentes sempre seriam julgadas. Era uma aberração, como o pai costumava dizer. Albina. Uma condição genética, e inevitável. Ela se afastou. Não suportava mais. Caminhou em direção à saída até que a filha da amante de seu pai a chamou. — Aisha, papai está te chamando. Ela revirou os olhos. Papai. Já o tratava como se fosse dona daquele título. — Não preciso que venha aqui me dizer isso. Se ele tem algo a falar, pode andar até onde estou. — Pelo visto sua língua continua afiada. Mas agora Aisha não tem mais sua irmã para te proteger. Aysha se aproximou. Hana tinha cabelos escuros, olhos escuros, e Aysha sentia inveja disso. — Hana, você se engana. Eu nunca precisei que minha irmã me defendesse. Eu mesma posso fazer isso. E posso começar por você. Eu posso te sumir do mapa e ninguém nunca mais te encontrará, mesmo que procurem. — Está me ameaçando, sua aberração? — Leve como quiser. Só não esqueça que eu, mesmo sendo uma aberração, sou a única herdeira do meu pai. Hana sorriu. Com um movimento rápido, puxou o véu de Aysha, revelando os cabelos prateados longos e os olhos esverdeados que, sob a luz, pareciam violeta. — Seu pai te detesta. E você parece lamentável com essa aparência. Não sei como ainda está viva. Quem deveria ter morrido era você, não Cassandra. — Pelo que percebo, a burrice vem de família. Eu sou albina. É uma condição genética caracterizada pela falta ou deficiência de melanina, que afeta pele, cabelo e olhos. Isso não me torna fraca. — Tanto faz. A garota saiu batendo os pés. Aysha recolocou o véu. A chuva caía fina. A empregada de confiança se aproximou. — Senhorita, por que não conta ao senhor o que essa garota faz? Ela não é ninguém. — Vherla, não se preocupe. Essa menina não significa nada. Aysha entrou no carro preto. Vherla sentou-se ao seu lado. O caminho até a mansão Krastani foi silencioso. Ela ainda não conseguia aceitar a morte de Cassandra. Sua irmã havia abandonado tudo pela carreira de modelo. Dois anos depois, já era uma supermodelo. Aysha se orgulhava de cada revista enviada, cada capa. Cassandra era sua inspiração, tudo o que ela não era. Beleza angelical, cachos dourados, olhos castanhos claros. Um anjo que caiu neste mundo, e o mundo o levou de volta. A última notícia que Aysha teve era que Cassandra estava apaixonada por um homem chamado Artem. Nunca o conheceu, a irmã dizia que ele era perigoso. Mas para Aysha, depois de crescer naquela família, o que poderia ser pior? — Senhorita, chegamos. Aysha desceu. Deu dois passos e o pai veio até ela, agarrando seu braço com força. — Aisha, eu não disse que precisava falar com você? Hana disse que você a tratou mal. Qual o seu problema? — O meu problema são vocês. O tapa veio. Não era novidade. Para ela, era quase rotina. — Você nunca aprende, Aisha. Ela o encarou com ódio queimando nas íris claras. As mulheres atrás riam baixo. Aysha manteve a cabeça erguida. — Na realidade, quem nunca soube ensinar foi você, pai. Se queria ser respeitado, deveria ter me ensinado a respeitar. — Sua cadela... olhe aqui, sua aberração. Você está passando dos limites. Entre. Depois eu termino com você. Aysha se afastou, rápida. Vherla a acompanhou até o quarto. Ela se jogou na cama, exausta. Talvez todos tivessem razão. Por que Deus não levara ela? Por que Cassandra? Vherla entrou com gelo, tocando suavemente seu rosto marcado. — Senhorita, deveria controlar seu gênio. Veja o que ele fez com seu rosto. — Vherla, se eu me rebaixar ao que aquele homem quer, me torno um capacho. — Mas pense na senhorita. Todos aqui nos preocupamos com você desde criança. Aysha sabia. Dentro daquela casa, havia carinho. Lá fora, apenas risos e repulsa. Os homens a desejavam como fetiche. As mulheres a desprezavam como aberração. — Mas senhorita, temos novidades. O detetive que a senhorita contratou disse que tem resultados sobre o que pediu. — Ótimo, Vherla. Que isso morra aqui. Preciso descobrir o que realmente aconteceu com Cassandra. Só assim terei paz.Aisha não se mexeu. Não podia. Sentia que sua vida dependia disso, mesmo com aquela garota a um passo de enfiar um punhal em seu olho.— Lívia… não entendo o que você quer dizer.— Você chegou aqui como uma cobra rastejando — rosnou ela. — Roubando tudo que é meu. Uma cega ridícula como você. E agora até o Artem? Você sabe o que significa se casar com ele?Aisha não entendia. Nem nos seus piores pesadelos imaginaria algo assim… se casar com aquele homem?— Eu não pedi isso — sussurrou.— Não pediu? Engraçado, porque tudo parecia o contrário! Eu deveria me casar com Artem. Eu! Sou eu quem deveria estar aqui.Aisha até compreendia a revolta da garota, mas era ridículo alguém passar a vida esperando por um homem. Ainda mais por um homem que, na visão de Aisha, era como um irmão para Lívia .— Você deveria tratar ele como irmão, não como homem…Ela não devia ter dito aquilo. Viu quando o corpo de Lívia enrijeceu. A garota ergueu o punhal, decidida. Aisha não esperou levar uma facada; se e
Isso não era para ter acontecido. Aisha se deitou, mas sua mente continuava presa à festa. Artem não parecia nem de longe o homem que ela tinha imaginado.E esse negócio de casamento… só podia ser insanidade. Quem, em pleno século 21, se casa assim?Ela pegou o celular e discou para Pedro.— Aisha, ainda bem que ligou. Tem novidades?A voz dele sempre trazia um pouco de paz. Apesar de tudo, Aisha sabia que Pedro também carregava segredos, muitos.— Pedro, tá tudo muito complicado.— Complicado como? Artem desconfiou de você?— Não… pior. Ele disse que vai se casar com a Sofia por causa de uma promessa idiota de infância.— Você só pode estar brincando.— Queria que fosse. Nas suas pesquisas não tinha nada sobre isso? Nada dizendo que ele era apegado à Sofia?— Não. Só fala que a Olga procura a menina desde que ela sumiu. Mas nada sobre o Artem em si.Aisha fechou os olhos, sentindo o peso da situação cair de novo sobre os ombros.— E agora? Eu não posso negar. Sou “uma cega sem futuro
— Começaram a festa sem mim?Artem apareceu, e Olga levantou-se na hora para ir até ele. Depositou um beijo carinhoso na cabeça do filho. Aisha percebeu que, desde o momento em que ele entrou, não tirava os olhos dela. Aquilo a deixava desconfortável. Se seu rosto ficasse vermelho seria um desastre, afinal, uma cega não deveria demonstrar vergonha.— Filho, achei que você não viria. Já faz meses que não volta pra casa.Artem se acomodou com as pernas cruzadas e sorriu… direto para Aisha.— Mãe, então você realmente encontrou a Sofia? Vejo que ela se tornou uma linda garota.Aisha quase não processou as palavras. O modo como ele a observava… parecia estar estudando cada detalhe.— Sim — respondeu Olga. — Depois de tantos anos procurando, finalmente a encontrei. Sofia, venha cumprimentar o Artem. Quando eram crianças vocês se davam muito bem.— Não precisa, mãe. Eu mesmo vou até ela.O clima da mesa mudou. Todos se olharam, tensos. Lívia parecia prestes a explodir.— Irmão, você nunca l
Uma semana havia se passado desde que Aisha entrou na casa de Artem. Nesse tempo, ela passou a maior parte do dia recolhida no quarto. Ainda não sabia ao certo como ele era… e, para ser sincera, aquilo a deixava inquieta.Na primeira refeição em família, descobriu que quem invadiu seu quarto naquela noite tinha sido o filho adotivo, Aleksei.Ele a observava como se ela fosse um pedaço de carne deixado na mesa. Aisha precisava manter a postura e continuar fingindo cegueira. Ela percebia, em cada olhar atravessado, que estavam apenas esperando um deslize seu.A única que demonstrava carinho genuíno era Olga.— Sofia, aconteceu alguma coisa? Você está tão quietinha… — perguntou a mulher, preocupada.Aisha apenas sorriu. Não tinha o que dizer ela não era Sofia, afinal, então preferiu se esconder no silêncio.— Mamãe, você só se importa com essa garota. Nem perguntou como foi a viagem do meu irmão! — protestou Lívia.Aisha achava a garota um verdadeiro estorvo. Mas, depois de conviver tant
O caminho até a mansão parecia interminável. Aisha tinha a sensação de que nunca chegariam. A estrada estava coberta pela neve, um tapete branco que tornava tudo mais lento. Olga lhe entregara um casaco quente e, dentro do carro, com o ar-condicionado ligado, mal dava para acreditar que lá fora estava congelando.Olga parecia animada. Aisha a observava por baixo dos óculos escuros. Agora, cada movimento precisava ser calculado; um passo errado e tudo desmoronaria.— Sofia, estamos quase chegando, mas não tenha medo. Estarei com você.Aisha engoliu em seco e apenas sorriu.De repente, o carro entrou numa estrada estreita, e Aisha percebeu que até as árvores pareciam se curvar, como se observassem quem ousasse passar por ali. Sentiu um arrepio. Apertou a própria perna com tanta força que os dedos doeram.Quando o carro parou, ela deu um pequeno salto, assustada.— Não se preocupe, é somente os guardas.Ela percebeu que Olga evitava dizer o que realmente eram: homens armados até o limite
— Deus tenha misericórdia da minha alma… ela clama pelo Seu nome — murmurou Aisha, ainda de joelhos.A pequena capela do convento era um daqueles lugares onde ela jamais imaginou estar. Tudo ali parecia silencioso demais, puro demais, o completo oposto da vida que deixara para trás. Pedro havia providenciado tudo. Convencer aquele homem fora difícil, mas agora, finalmente, ela podia dar início ao plano que, para ele, parecia uma sentença de morte.Enquanto rezava, ouviu duas irmãs cochichando atrás dela.— A pobre menina… — disse uma delas. — Quando chegou, uma semana atrás, estava em um estado terrível. Os joelhos estavam em carne viva.A outra suspirou.— E quem teria coragem de machucar uma menina cega?Aisha apertou os lábios. Esse papel arrancaria compaixão de qualquer um. E os óculos escuros ajudavam a sustentar essa nova identidade.— Sofia, está na hora de irmos.Ela demorou um instante antes de responder. Ainda estava se acostumando ao novo nome.— Sim, irmã.A missionária to





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