Meu Predador
Meu Predador
Por: L.sousa
Capítulo 1

Queridas leitoras,

Ser escritora é viver em um mundo cheio de ideias, universos inteiros que nascem na nossa mente e nos permitem sonhar, sentir e fugir um pouco dos problemas do dia a dia.

Espero que embarquem comigo nesse novo romance, que cada capítulo seja uma porta para emoções, suspiros e desejos.

Não esqueçam de adicionar à biblioteca e acompanhar de perto cada reviravolta. ✨

Prólogo

Aisha

Talvez ela não devesse ter permitido que aquele sentimento crescesse dentro de si. O certo seria destruir cada partícula daquele homem, até não restar nada. Mas Artem Dragunov foi alguém que, em sua arrogância, ela ignorou: não viu a bandeira vermelha, não percebeu que ele era um pecado e uma perdição que ela jamais desejou. Reconhecia agora que o inferno para onde ele a arrastava era um tormento deliciosamente cruel. E, por fim, Aisha percebeu que estava doente, havia nela uma obsessão estranha e profunda pelo homem que jurou destruir.

capítulo 1

O som da terra caindo no caixão foi abafado por risadinhas baixas. Aysha puxou o véu preto e cobriu o rosto. O dia estava chuvoso, sem o menor sinal de sol, mas mesmo assim seus olhos ardiam. O que mais a incomodava não era o tempo, eram as pessoas.

Ela apertou o cabo do guarda-chuva. Chegou sua vez de jogar terra sobre o caixão de Cassandra...

Tão linda. Tão cheia de vida. Tão diferente dela, que apenas sobrevivia, nunca viveu.

Aysha pegou um punhado de terra com a mão e atirou sobre o caixão. Enquanto fazia isso, percebeu que seu pai olhava para outra direção e acompanhou o movimento com os olhos. Não houve surpresa quando viu quem estava ali: a amante de Arben Krastani.

A mãe de Aysha havia morrido há menos de um ano e ele já exibia outra mulher ao lado. Todos sabiam que o caso extraconjugal existia muito antes de tudo acontecer.

A amante tinha uma filha, e aquela garota acreditava ter direito ao sobrenome Krastani. Como se fosse uma delas. Não que Aysha tivesse orgulho daquela família. A corrupção que os envolvia era conhecida, e mesmo que ela não quisesse estar ali, o sangue a prendia como uma corrente.

A terra caiu, seguida pelos sussurros.

— É ela? — Uma mulher comentou, a voz quase sumindo.

— Sim. Eu nunca vi alguém tão pálida. Ela chega a ser transparente.

— Fale baixo, ela pode ouvir.

— Ah, mas todos falam. Olhe só. Diga que não é uma criatura estranha.

Aysha tentou ignorar, mas estava cansada. Por mais que fugisse dos olhares, sabia que pessoas diferentes sempre seriam julgadas. Era uma aberração, como o pai costumava dizer. Albina. Uma condição genética, e inevitável.

Ela se afastou. Não suportava mais. Caminhou em direção à saída até que a filha da amante de seu pai a chamou.

— Aisha, papai está te chamando.

Ela revirou os olhos. Papai. Já o tratava como se fosse dona daquele título.

— Não preciso que venha aqui me dizer isso. Se ele tem algo a falar, pode andar até onde estou.

— Pelo visto sua língua continua afiada. Mas agora Aisha não tem mais sua irmã para te proteger.

Aysha se aproximou. Hana tinha cabelos escuros, olhos escuros, e Aysha sentia inveja disso.

— Hana, você se engana. Eu nunca precisei que minha irmã me defendesse. Eu mesma posso fazer isso. E posso começar por você. Eu posso te sumir do mapa e ninguém nunca mais te encontrará, mesmo que procurem.

— Está me ameaçando, sua aberração?

— Leve como quiser. Só não esqueça que eu, mesmo sendo uma aberração, sou a única herdeira do meu pai.

Hana sorriu. Com um movimento rápido, puxou o véu de Aysha, revelando os cabelos prateados longos e os olhos esverdeados que, sob a luz, pareciam violeta.

— Seu pai te detesta. E você parece lamentável com essa aparência. Não sei como ainda está viva. Quem deveria ter morrido era você, não Cassandra.

— Pelo que percebo, a burrice vem de família. Eu sou albina. É uma condição genética caracterizada pela falta ou deficiência de melanina, que afeta pele, cabelo e olhos. Isso não me torna fraca.

— Tanto faz.

A garota saiu batendo os pés. Aysha recolocou o véu. A chuva caía fina.

A empregada de confiança se aproximou.

— Senhorita, por que não conta ao senhor o que essa garota faz? Ela não é ninguém.

— Vherla, não se preocupe. Essa menina não significa nada.

Aysha entrou no carro preto. Vherla sentou-se ao seu lado. O caminho até a mansão Krastani foi silencioso. Ela ainda não conseguia aceitar a morte de Cassandra.

Sua irmã havia abandonado tudo pela carreira de modelo. Dois anos depois, já era uma supermodelo. Aysha se orgulhava de cada revista enviada, cada capa. Cassandra era sua inspiração, tudo o que ela não era. Beleza angelical, cachos dourados, olhos castanhos claros. Um anjo que caiu neste mundo, e o mundo o levou de volta.

A última notícia que Aysha teve era que Cassandra estava apaixonada por um homem chamado Artem. Nunca o conheceu, a irmã dizia que ele era perigoso. Mas para Aysha, depois de crescer naquela família, o que poderia ser pior?

— Senhorita, chegamos.

Aysha desceu. Deu dois passos e o pai veio até ela, agarrando seu braço com força.

— Aisha, eu não disse que precisava falar com você? Hana disse que você a tratou mal. Qual o seu problema?

— O meu problema são vocês.

O tapa veio. Não era novidade. Para ela, era quase rotina.

— Você nunca aprende, Aisha.

Ela o encarou com ódio queimando nas íris claras. As mulheres atrás riam baixo. Aysha manteve a cabeça erguida.

— Na realidade, quem nunca soube ensinar foi você, pai. Se queria ser respeitado, deveria ter me ensinado a respeitar.

— Sua cadela... olhe aqui, sua aberração. Você está passando dos limites. Entre. Depois eu termino com você.

Aysha se afastou, rápida. Vherla a acompanhou até o quarto. Ela se jogou na cama, exausta. Talvez todos tivessem razão. Por que Deus não levara ela? Por que Cassandra?

Vherla entrou com gelo, tocando suavemente seu rosto marcado.

— Senhorita, deveria controlar seu gênio. Veja o que ele fez com seu rosto.

— Vherla, se eu me rebaixar ao que aquele homem quer, me torno um capacho.

— Mas pense na senhorita. Todos aqui nos preocupamos com você desde criança.

Aysha sabia. Dentro daquela casa, havia carinho. Lá fora, apenas risos e repulsa. Os homens a desejavam como fetiche. As mulheres a desprezavam como aberração.

— Mas senhorita, temos novidades. O detetive que a senhorita contratou disse que tem resultados sobre o que pediu.

— Ótimo, Vherla. Que isso morra aqui. Preciso descobrir o que realmente aconteceu com Cassandra. Só assim terei paz.

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