o sopro das cinzas

A alvorada não trouxe alívio.

Selena permanecia deitada, os olhos fixos no teto baixo da caverna. O calor da lareira ainda crepitava, mas dentro dela tudo era gelo. Não físico — era um vazio ancestral, como se partes dela fossem arrancadas pouco a pouco sem anestesia.

Rurik voltara da floresta ao amanhecer, com a barba úmida de orvalho e o cheiro de sangue no casaco.

— Trouxe comida — disse ele, jogando um coelho limpo sobre a pedra plana.

Ela não respondeu.

Ele se aproximou. Ajoelhou-se ao lado da cama improvisada.

Estendeu a mão.

Ela recuou.

— Ainda está com medo de mim? — a voz dele estava baixa, contida.

— Não de você — murmurou. — De mim mesma.

Os olhos dele não vacilaram.

— Eu vi o que você viu, Selena. A voz que te tomou. A presença. Não é você... mas também é.

Ela apertou os braços ao redor do corpo.

— E se eu deixar de ser eu? E se a coisa crescer dentro de mim e me engolir?

— Então vou entrar lá dentro e te arrancar de volta, nem que tenha que quebrar o mundo ao meio.

Ela fi
Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App