Sou recebido em casa pelo cheiro de bolo.
Que saudade disso.
O aroma é doce, envolvente, carrega lembranças que eu nem sabia que tinha. Madeira morna, mel, massa assando no forno. É o cheiro de casa. O cheiro de acolhimento.
Zoe passa por mim em um movimento ágil, se transformando em segundos. A luz da manhã ainda toca sua pele por um breve momento antes que os pelos brancos surjam, suaves como neve ao vento. Seu corpo muda com facilidade, naturalidade. Ela já domina essa parte de si com leveza. Isso é bom. Muito bom.
Significa que minha lobinha está cada vez mais preparada. Treinada. E que sua loba já se tornou parte dela. Um com ela. Assim como meu lobo e eu somos um só.
Ela avança até a porta com aquele jeito leve e determinado, e antes que eu possa me aproximar, já a ouço girar a maçaneta.
A porta se abre e, imediatamente, gritos felizes invadem o ar.
— Minha filha! — a mãe dela diz, com a voz embargada de emoção.
— Você voltou! — Gabi completa, correndo para abraçá-la.
As três se