— Deixa comigo. Vai se transformar.
— Sério? Vai lavar a louça como despedida?
— Como prova de amor — ele pisca, e eu rio.
— Poético.
— Realista. Vai logo, minha lobinha. Tá na hora de voltarmos.
Saio da cabana com um sorriso no rosto. A brisa da manhã bate suave na minha pele, ainda quente do banho. O céu está limpo, algumas nuvens se esticam como fios de algodão no azul pálido. O cheiro da floresta é fresco, úmido, familiar. A madeira da cabana atrás de mim ainda exala o calor das nossas últimas noites. Tudo está calmo. Calmo demais.
Fecho os olhos por um instante, puxando o ar para dentro dos pulmões como se pudesse guardar essa paz por mais um tempo.
E então, deixo que meu corpo se transforme.
A mudança é rápida. Um segundo de calor subindo pela espinha, de energia vibrando sob a pele, e estou em minha forma lupina. Pelos brancos como neve, patas firmes no solo úmido, sentidos alertas. A floresta ganha novas camadas de som, cheiro e textura. Tudo é mais vivo aqui.
Atrás de mim, ou