Aurora dormia com Kai aninhado em seus braços. A cabana estava em silêncio, envolta pelo som da floresta e pelo calor do fogo baixo. Mas aquela noite não traria descanso.
A primeira coisa que sentiu foi o frio.
Não um frio comum — mas um frio que nascia de dentro, como se seu espírito fosse arrancado da carne e jogado na neve.
Quando abriu os olhos, estava sozinha.
A floresta ao redor era branca. As árvores não tinham folhas. O céu era escuro, sem estrelas. No centro da clareira, havia uma mulher.
Alta. De pele prateada. Olhos como lâminas de luar. Cabelos que dançavam como fumaça. Ela usava um manto feito de estrelas mortas. Era bela, sim, mas havia algo terrível nela. Um silêncio que pesava mais do que qualquer grito.
Aurora caiu de joelhos.
— Espírito da Lua…
A mulher não sorriu.
— Você recusou o chamado.
— Eu não pedi pra ser escolhida. — Aurora disse, erguendo o rosto. — Só queri