Ao fugir de uma perseguição mortal, Helena cai em um abismo e desperta em Eryndor, um mundo mágico habitado por seres amaldiçoados que se transformam em animais. Lá, ela é marcada por Erik, um lobo exilado e enigmático que afirma que ela pertence a ele. Enquanto luta para entender sua nova realidade e descobrir os segredos de sua linhagem divina, Helena é arrastada para uma trama de paixão, poder e traição. Unidos por um vínculo indestrutível, ela e Erik precisam enfrentar caçadores implacáveis, conspirações sombrias e o mistério da maldição que assola Eryndor, tudo enquanto resistem à atração avassaladora que os aproxima e ameaça consumi-los.
Ler maisHelena corria desesperada pela floresta, tropeçando nas folhagens e nos galhos escondidos entre elas. Suas mãos e joelhos estavam esfolados e doloridos, pois os usava para se apoiar cada vez que caia. Apavorada, levantou apressada na expectativa de não ser alcançada. Ela podia escutar nitidamente as vozes masculinas que se aproximavam dela.
— Você não pode fugir para sempre, garota! — Um deles gritou, a voz rouca com crueldade transparecendo em seu tom de voz.
Helena não olhou para trás. Ela sabia que, se parasse, seria o fim. O medo a corroía por dentro, e o terreno traiçoeiro da floresta começava a cobrar seu preço. Seus pés descalços estavam feridos, os galhos rasgavam sua pele, mas ela não desistiria. Continuaria correndo.
— Apenas parem! Por que estão fazendo isso comigo? — Ela gritou, mais para o vazio do que para os homens que a perseguiam.
Nenhuma resposta veio além de risadas sinistras.
Mais uma vez, Helena tropeçou em uma raiz exposta, caindo de joelhos. Suas mãos buscaram apoio no chão lamacento, mas antes que pudesse se levantar, ouviu os passos se aproximando. Eles estavam perto demais.
Com um último impulso, Helena se ergueu e correu, mas o chão pareceu desaparecer sob seus pés. Ela tentou manter o equilíbrio, mas não havia terra para segurá-la. Um buraco se abriu sob seus pés e a engoliu, ela gritou enquanto caía, mas não havia onde se segurar.
O ar foi arrancado de seus pulmões, e tudo se tornou uma confusão de escuridão enquanto ela despencava. A queda parecia interminável, até que, de repente, seu corpo foi arremessado contra algo macio e úmido. Ela estava no chão, mas não na mesma floresta.
Helena abriu os olhos lentamente. O ar era diferente, pesado e carregado de um cheiro terroso. Árvores enormes se erguiam ao seu redor, muito maiores e mais antigas do que as da floresta de onde viera. A luz era mais fraca, como se o sol tivesse sido filtrado por um véu.
— Onde… Onde estou? — Ela murmurou, sua voz ecoando fracamente.
— Você caiu longe demais, mikró (pequena).
A voz profunda e rouca fez seu corpo gelar. Helena virou a cabeça lentamente, seus olhos encontrando os de um homem que a observava das sombras. Ele era alto e magro, mas sua presença era esmagadora. Seus olhos dourados brilhavam como os de um predador, e seu cabelo escuro caía desordenadamente sobre os ombros.
— Quem é você? — Ela perguntou, tentando se levantar, mas suas pernas não obedeciam.
O homem deu um passo à frente, saindo das sombras. A luz fraca revelou seu rosto anguloso e sua expressão severa. Ele parecia humano, mas algo nele era… Diferente. Selvagem.
— Isso não importa agora. O que importa é que você está em meu território. — Ele se aproximou lentamente, cercando-a como se fosse uma presa.
— Eu… Eu não queria estar aqui. Eu estava fugindo… — Helena tentou explicar, mas ele a interrompeu.
— E caiu direto em minhas mãos.
Antes que ela pudesse reagir, ele se ajoelhou diante dela, segurando seu queixo com força. O toque era quente, quase queimando. Helena tentou se afastar, mas ele era muito forte.
— O que você está fazendo? Me solte! — Ela exigiu, mas sua voz soou fraca.
— Você ainda não entendeu, não é?. — Seus olhos se estreitaram, e então ele inclinou a cabeça para o lado. — Não vou deixá-la escapar.
— O quê? Do que você está falando? — O pânico tomou conta de Helena.
— Você pertence a mim agora. — Ele sussurrou as palavras antes de inclinar a cabeça e morder seu pescoço.
A dor foi instantânea, um choque que a fez gritar. Ela tentou empurrá-lo, mas era como se seu corpo estivesse paralisado. Um calor estranho começou a se espalhar de onde os dentes dele haviam perfurado sua pele, uma sensação confusa de dor e… Algo mais.
Quando ele finalmente se afastou, seus olhos dourados estavam ainda mais brilhantes.
— O que você fez comigo? — Helena arfou, tocando o pescoço, onde agora havia uma marca em forma de meia-lua.
— Marquei você. Agora você é minha. — Ele se levantou, olhando para ela como se tivesse conquistado um prêmio.
Helena o encarou, o coração batendo descontroladamente.
— Eu não pertenço a ninguém! Você é louco! — Ela gritou, tentando se levantar novamente.
Ele riu, um som baixo e rouco que fez seus pelos se arrepiarem.
— Aqui, tudo tem um dono. Este mundo não é como o seu. Aqui, as regras são diferentes.
— Que lugar é este? — Ela perguntou, finalmente conseguindo ficar de pé, embora suas pernas tremessem.
— Eryndor. Um mundo esquecido, amaldiçoado. — Ele deu um passo atrás, os olhos nunca deixando os dela. — E agora, você faz parte dele.
— Eu quero voltar para casa! — Ela gritou, mas ele apenas balançou a cabeça.
— Não há como voltar.
Helena sentiu o desespero crescer em seu peito.
— Por que você fez isso comigo? Eu não pedi para estar aqui!
Ele a observou por um momento, o olhar intenso e insondável.
— Porque você caiu no meu território. E porque você é diferente. Eu senti isso no momento em que você apareceu.
— Diferente? Como assim?
Ele não respondeu. Em vez disso, virou-se, começando a se afastar.
— Espere! — Helena correu atrás dele, agarrando seu braço. — Você não pode simplesmente me marcar e ir embora!
Ele parou, olhando para a mão dela em seu braço.
— Você é corajosa. Isso é bom. Mas cuidado, Helena. Este mundo não perdoa fraquezas.
Ela piscou, surpresa.
— Como você sabe meu nome?
Ele inclinou a cabeça, um sorriso enigmático curvando seus lábios.
— Eu sei mais sobre você do que imagina.
Antes que ela pudesse responder, ele começou a se transformar. Seus ossos estalaram, seu corpo se expandiu, e em segundos ele estava diante dela como um enorme lobo negro, seus olhos dourados ainda brilhando com intensidade.
Helena deu um passo para trás, a boca aberta em choque.
— Isso… Isso não é possível…
O lobo deu um rosnado baixo, mas não ameaçador, antes de desaparecer entre as árvores, deixando-a sozinha no meio da floresta estranha e silenciosa.
Helena caiu de joelhos, sua mente girando.
— O que diabos está acontecendo?
Ela tocou o pescoço novamente. O sangue havia parado de escorrer, mas a marca... A marca era profunda, como se queimasse. E, pela primeira vez, sentiu algo diferente em seu peito. Algo poderoso, pulsando sob sua pele, como se algo dentro dela tivesse despertado a partir daquela mordida.
EpílogoO sol se escondia lentamente atrás das montanhas de Valewyn. O campo ao redor da casa era banhado por aquela luz morna de fim de tarde, e o som dos pássaros e do vento entre as folhas era o único que quebrava o silêncio pacífico do lugar.Helena estava sentada na pequena varanda de madeira da casa, os pés descalços tocando a grama fresca, e a barriga levemente arredondada acariciada com calma. Havia uma tranquilidade serena em seus olhos enquanto observava o pôr do sol. Ao seu lado, sentado com as pernas esticadas e as mãos atrás da cabeça, Erik observava tudo com aquele olhar satisfeito de quem, enfim, havia encontrado o que sempre procurou… Paz.— Ele está demorando, não acha? — Helena comentou com um sorriso nos lábios.— Ele é seu filho. Se distrai fácil. Aposto que achou um esquilo no caminho e está tentando conversar com ele. — Erik respondeu com um sorriso torto.Helena riu e inclinou a cabeça, encostando no ombro dele.— Ele puxou a sua curiosidade e a minha paciência
Capítulo 59A lua cheia pairava sobre Valewyn como uma benção silenciosa, iluminando o bosque que cercava a vila com uma luz suave. As tochas estavam acesas, cravadas no chão ao redor do círculo cerimonial formado por pedras antigas, musgo e flores colhidas pelos aldeões ao longo do dia. O ar carregava o perfume da terra e da esperança.Erik estava parado no centro do círculo, vestindo um traje simples feito de linho escuro e couro, com marcas tribais desenhadas em tinta escarlate sobre o peito e os braços. Seus olhos, sérios e intensos, procuravam por ela. Ao avistar Helena sendo conduzida por Anara, seu coração bateu com mais força.Helena vestia uma túnica clara, de um tecido leve que dançava com o vento. Seus cabelos estavam soltos, enfeitados com pequenas flores e folhas trançadas com delicadeza. Quando os olhos dela encontraram os de Erik, um sorriso suave se formou em seus lábios. Ela atravessou o círculo sem pressa, como se cada passo fosse parte do ritual.— Você está lind
Capítulo 58 A floresta negra parecia querer engolir quem ousasse atravessá-la. Mas eles continuaram.Não importava a dor nos pés, o frio cortante das madrugadas, nem os ruídos noturnos que despertavam lembranças traumáticas. Tudo parecia suportável quando Helena sentia a mão de Erik entrelaçada à sua. Aquele era o farol dela. O abrigo.A jornada até Valewyn levou semanas. Era uma vila escondida entre montanhas e vales enevoados, protegida por magia antiga e por metamorfos que haviam abandonado os conflitos. Um lugar fora do alcance dos caçadores. Lá, diziam as histórias, não havia necessidade de máscaras.Quando os portões de madeira se abriram diante deles, foi como atravessar uma barreira invisível. O ar parecia diferente. Leve. Quente, mesmo sob o manto de inverno.— Isso... É real? — Helena murmurou, os olhos fixos nas construções de pedra e madeira, nas crianças correndo entre flores silvestres, nos homens e mulheres com olhos brilhantes, orelhas felinas ou caudas balançando liv
Capítulo 57A luz do sol filtrava-se pelas frestas da cabana, banhando o quarto em um dourado suave. O aroma de terra molhada ainda impregnava o ar da floresta, mas ali, naquele espaço íntimo, tudo cheirava a calor, desejo… E Helena.Erik já estava acordado há algum tempo. Deitado de lado, observava Helena dormir aninhada ao seu peito, o rosto parcialmente escondido em seu pescoço. Descansava tranquila, como se o mundo lá fora simplesmente não existisse."Ela é nossa. Vê como dorme segura… Confiou em nós. Só nossa."O lobo estava sereno, satisfeito, mas ainda em alerta. Havia algo possessivo naquela paz, como se ela tivesse sido reclamada com sangue, suor e alma.Erik passou os dedos devagar pelos fios castanhos dela, e seus pensamentos se perderam na noite anterior. No modo como ela o olhou. No calor do corpo dela o envolvendo. No som dos gemidos suaves que ele guardaria na memória para sempre.Mas mais do que o prazer físico, havia algo que o desarmou completamente.A entrega.Ela o
Capítulo 56Encaixado entre as pernas de Helena, Erik a observava como se visse um milagre. A pele clara dela contrastava com a dele como a lua sobre o entardecer, e cada curva parecia ter sido moldada para ele.Suas mãos, grandes e firmes, deslizavam com suavidade pelos seios dela, como se temesse ser desrespeitoso. Quando seus lábios envolveram um dos mamilos escurecidos, Helena soltou um suspiro agudo, e seu corpo respondeu com um leve arquejo.Os gemidos baixos dela vibravam dentro dele, como se seu prazer alimentasse a criatura que habitava sob sua pele."Ela canta para nós... Geme por nós. Essa é a nossa fêmea.""Ainda é cedo para marcá-la.""Mas ela já é nossa. Já nos sente. Já se entrega."Descendo lentamente pelo corpo pequeno e quente, Erik espalhou beijos e lambidas, memorizando com a boca cada centímetro da pele macia. Ele queria que Helena lembrasse dele por dias. Queria que ela nunca esquecesse como era ser tocada por ele.Ao alcançar a intimidade dela, não hesitou. Pas
Capítulo 55Erik despertou com a luz suave do amanhecer invadindo a cabana. Por um instante, não se lembrou onde estava. O cheiro de ervas, madeira... E dela... O trouxe de volta. Viu-se deitado na cama pequena, o ombro latejando com uma ardência incômoda, mas suportável. Virou o rosto devagar e a viu.Helena.De costas para ele, os cabelos presos de qualquer jeito num coque torto, ela se movia com leveza pelo pequeno espaço da cozinha, mexendo em algo sobre o fogão improvisado. Os dedos ágeis separavam folhas secas, colocavam água numa tigela, enquanto o aroma de pão fresco se espalhava pelo ar. Ela cantarolava baixinho uma melodia antiga, familiar e reconfortante."Ela é o que resta de paz neste mundo.""Pare com isso.""Pare você de negar. Você sabe. Eu sei. Ela é nossa."Erik fechou os olhos por um momento, tentando afastar a dor do corpo e o turbilhão que vinha com o lobo dentro dele. Mas era inútil. Quando abriu os olhos novamente, ela estava virada em sua direção.— Erik! — Sor
Último capítulo