Ana sempre viveu pela razão. Médica dedicada, acostumada a salvar vidas, nunca imaginou que a própria fosse virar um experimento do destino. Num piscar de olhos, é arrancada do mundo moderno e jogada num reino de trevas e magia — onde lobos uivam com fome de poder, dragões vigiam os céus, e elfos e fadas vivem sob leis sangrentas. Lá, ela é considerada uma “forasteira marcada”. E o mais perigoso de todos os predadores, o lorde lobo Kael, jura que ela pertence a ele. Enquanto tenta encontrar uma saída, Ana descobre que seu corpo guarda um segredo antigo — uma chave capaz de destruir ou salvar aquele mundo. Envolta por paixões proibidas, alianças mortais e magia corrompida, ela vai precisar decidir entre lutar pela própria liberdade… ou se render ao monstro que jurou nunca amar ninguém.
Leer másCapítulo 84 – O Eco das SombrasO vento cortava a noite como lâminas frias, trazendo consigo o cheiro de sangue e fumaça. O céu, obscurecido por nuvens densas, parecia pesar sobre a terra, como se o próprio mundo estivesse prestes a ruir.Ana sentia o coração pulsar de forma irregular. Não sabia se era pelo medo ou pela certeza de que, finalmente, as respostas que buscara por tanto tempo estavam próximas — mas que a verdade viria coberta de dor.Kael caminhava à frente, os músculos tensos, as mãos fechadas em punhos. Seu olhar dourado varria o horizonte como o de um predador prestes a atacar. Riven, por outro lado, parecia mergulhado em um silêncio profundo, mas havia algo no brilho de seus olhos vermelhos que denunciava ansiedade. Eles estavam unidos, mas um peso invisível caía sobre todos.O salão das runas se ergueu diante deles, antigo e imponente, construído em pedra negra que parecia absorver a luz. As paredes estavam cobertas de inscrições em uma língua esquecida, e símbolos mí
Capítulo 83 – O Sussurro do VéuA noite caía como um manto pesado sobre o castelo. As paredes antigas, encharcadas pela chuva constante, pareciam absorver os ecos dos passos de Ana. O corredor estava frio, silencioso, e cada vela que ardia tremeluzia como se tentasse resistir a uma presença invisível. Desde que Kael partira para negociar com as fadas da névoa e Riven mergulhara nas catacumbas para enfrentar o culto, ela sentia o peso do isolamento. Mas não era apenas solidão — algo a observava.Ana apertou a mão sobre o ventre, sentindo o leve movimento da criança. A Criança do Véu Duplo. A profecia que todos temiam e desejavam. O coração dela batia rápido, não apenas pela ansiedade, mas porque havia um sussurro… baixo, arranhando as bordas de sua mente.— Venha para mim… — a voz soava como um eco distante, sedutora e fria.— Quem está aí? — murmurou, tentando ignorar o arrepio que subia por sua espinha.O corredor se alongava de forma estranha. As portas pareciam mais distantes, como
Capítulo — O Sussurro dos OssosA escuridão tinha um peso próprio.Ela não era apenas ausência de luz, mas uma presença viva, pulsante, que se infiltrava nas frestas das paredes, nos poros da pele, nos cantos da alma. Ana despertou em meio ao breu absoluto, com a respiração curta e o corpo envolto em suor frio. Por um segundo, pensou estar morta. Mas a dor... a dor era viva demais para permitir tal alívio.As contrações haviam cessado, mas o silêncio que agora a envolvia era mais aterrador do que qualquer grito. Ela sentia a criança ainda em seu ventre, imóvel. Não estava morta — disso ela tinha certeza — mas havia algo... algo errado. A pulsação dela se mesclava a algo antigo, a um sussurro subterrâneo que se insinuava sob a terra, chamando.Kael e Riven estavam ali, ajoelhados aos seus lados, mas não ousavam falar. Um círculo de proteção havia sido traçado com sangue ao redor deles — o sangue de ambos, misturado, queimando com um feitiço rúnico que só os antigos conheciam. O céu do
Capítulo — O Guardião da TempestadeO uivo cessou.Mas o silêncio que ficou depois era mais aterrorizante que o som.Riven recuou dois passos, os olhos brilhando em fúria e concentração. Sua espada pulsava com a mesma energia do ventre de Ana — como se já estivesse ligada à criança que ainda não nascera. Como se ela o tivesse escolhido como protetor antes mesmo de abrir os olhos para o mundo.Ana estava ofegante. O suor escorria entre os seios, e sua pele parecia vibrar. O calor dentro dela era insuportável. A criança não estava apenas viva — ela estava em alerta. Desperta. Sentindo tudo.E então, o mundo tremeu.O chão da caverna trepidou sob seus pés, pequenas pedras caíram do teto, e a entrada da caverna explodiu em luz quando um raio cortou o céu.— Não… — Riven sussurrou, os olhos se arregalando.Ana girou o rosto para ele, tentando entender o que havia acontecido.E então ela viu.A silhueta alta, com os cabelos negros colados ao rosto pela chuva, olhos de um dourado incendiado,
Capítulo — Os Sussurros do SangueA caverna parecia pulsar junto ao coração de Ana.O silêncio ali dentro era espesso, carregado de significados ocultos. Riven estava próximo, sentado de costas para a parede com a espada ao alcance da mão. Seus olhos, sempre vigilantes, não descansavam — nem mesmo quando fingia fazê-lo.Ana tentou descansar, mas seu corpo estava inquieto. Sentia a criança se mover como se houvesse algo dentro dela querendo escapar. Não de dor. Mas de urgência. Como se algo a chamasse.— Está ouvindo isso? — ela perguntou.Riven ergueu os olhos. — O quê?— As vozes. Sussurros.Ele se aproximou devagar, cauteloso. Tocou o pulso dela, os olhos prateados analisando seu rosto com atenção.— Está ouvindo agora?Ana assentiu.— Elas falam em línguas antigas. Acho que... são os Sangues Antigos. — Ela franziu a testa. — Acho que estão tentando me avisar. Ou talvez avisar a criança.Riven se enrijeceu.— Isso não é um bom sinal.Ele então ergueu a mão e passou os dedos pelos ca
Capítulo — O Sangue e o FardoA primeira luz da manhã não entrou pelas janelas — porque ali não havia janelas. A caverna em que se abrigaram após o colapso do templo era antiga, quase sagrada, segundo Riven. As paredes eram úmidas, cobertas por líquens brilhantes que pulsavam com uma luz suave, azulada. Pareciam respirar com o mundo, como se fossem parte dele.Ana despertou entre os corpos dos dois. O calor deles a envolvia como um cobertor de instinto. Kael estava deitado de lado, uma das mãos em sua barriga, a outra entrelaçada à dela. Riven permanecia sentado, de costas para a entrada da caverna, com a espada encostada ao ombro e os olhos fechados — mas ela sabia que ele estava alerta. Sempre estava.Sentia o peso da noite anterior em seus músculos. O cio havia passado, deixando para trás uma exaustão doce, profunda. O corpo ainda latejava em alguns pontos, como se carregasse a marca dos dois — uma lembrança gravada na carne e no sangue.Mas o que mais a inquietava era outra coisa.
Último capítulo