Ana sempre viveu pela razão. Médica dedicada, acostumada a salvar vidas, nunca imaginou que a própria fosse virar um experimento do destino. Num piscar de olhos, é arrancada do mundo moderno e jogada num reino de trevas e magia — onde lobos uivam com fome de poder, dragões vigiam os céus, e elfos e fadas vivem sob leis sangrentas. Lá, ela é considerada uma “forasteira marcada”. E o mais perigoso de todos os predadores, o lorde lobo Kael, jura que ela pertence a ele. Enquanto tenta encontrar uma saída, Ana descobre que seu corpo guarda um segredo antigo — uma chave capaz de destruir ou salvar aquele mundo. Envolta por paixões proibidas, alianças mortais e magia corrompida, ela vai precisar decidir entre lutar pela própria liberdade… ou se render ao monstro que jurou nunca amar ninguém.
Leer másCapítulo 35 – Gêmeos do Início e do FimA noite seguinte à revelação foi um corte profundo na alma de todos.O mundo parecia respirar devagar.Como se soubesse que algo impossível — e perigoso — agora vivia dentro de Ana.Ou talvez… em volta dela.Ela estava mais silenciosa.Sentia os dois.A filha: quente, viva, ansiosa por nascer.O filho: frio, oculto, esperando o momento certo para rasgar a realidade com seus dentes feitos de ausência.Kael dormia pouco, as garras surgindo involuntariamente mesmo nos momentos de paz.Riven passou a andar armado, mesmo dentro do santuário sagrado de Lirien.Ambos tinham medo.Não de Ana.Mas do que o mundo faria com ela se descobrisse que ela não carregava só a salvação… mas o fim.---— Existe alguém que pode saber o que fazer — sussurrou Lirien, a anciã fada de olhos cegos.— Os Guardadores do Véu.— Isso é lenda — disse Kael, cruzando os braços, o olhar duro. — Nem os mais antigos viram esses seres.— E mesmo assim — respondeu Ana, firme — estam
Capítulo 34 – O Filho que Nunca NasceuSilêncio.E então, o choro.Não o choro da filha de Ana — que dormia em sua forma etérea, abrigada no ventre cheio de luz.Era algo mais antigo.Mais… errado.Riven foi o primeiro a sentir. Um arrepio percorreu sua espinha, escamas surgindo de imediato como defesa instintiva.Kael, ao lado de Ana, rugiu baixo — o som mais animalesco que ela já ouvira dele, algo entre um aviso e uma súplica.A criança dentro de Ana se encolheu, e o fogo prateado que sempre emanava dela se apagou por um segundo.Um segundo apenas.Mas foi o suficiente para ele se manifestar.O espelho dentro da Boca do Mundo Morto rachou, revelando uma fenda de escuridão viva.Dela, algo escorregou.Primeiro, uma mão — ossuda, coberta por pele negra como breu seco.Depois, olhos — não brilhantes, mas ocos. E, mesmo sem luz, olhavam diretamente para Ana.Kael se colocou na frente dela.— Fique atrás de mim — ele rosnou. — Isso não é natural. Isso não é nosso.Mas a voz que veio não
Capítulo 33 – A Boca do Mundo MortoA floresta sussurrava o nome dela.Ana.Aquela que carrega a chama.Aquela que rompeu a profecia.Aquela cujo ventre carrega o novo começo… ou o último fim.Enquanto os ventos ancestrais arrastavam folhas vermelhas pelo chão, Kael e Riven caminhavam ao lado de Ana em silêncio absoluto. À frente, escondida entre ravinas e montanhas que não constavam em nenhum mapa, estava a Boca do Mundo Morto.Não era um templo.Não era uma ruína.Era uma ferida no tecido da existência, um lugar onde o mundo gritou e nunca cicatrizou.Três luas pálidas sangravam no céu como olhos mortos, e era sob essa tríplice luz que a passagem se abria. Uma rachadura profunda, feita de ossos e raízes negras, exalando um vapor azulado que deixava o ar pesado como pecado.Ana sentia a criança se agitar em seu ventre.Diferente de antes.Não com medo. Mas com fome de verdade.Kael encostou o corpo ao dela.— Você não precisa fazer isso sozinha.— Se o que está aí dentro tentar tocá-
Capítulo 32 – A Criança que Sonha com ChamasA madrugada era silenciosa demais.Nem os ventos sussurravam, nem os animais da floresta se faziam ouvir. A atmosfera estava carregada de uma tensão invisível, como se a própria natureza estivesse prendendo o fôlego.Ana acordou ofegante.Não por dor.Mas por algo dentro dela.A magia se agitava sob sua pele. O ventre pulsava com luz e calor. A criança — sua filha — estava sonhando. Mas não eram sonhos comuns. Não eram imagens doces de um mundo calmo.Eram chamas.Gritos.Duas luas quebradas no céu.Ela se sentou na cama de folhas e cobertores improvisados no santuário de Lirien. O suor escorria entre os seios, e seus cabelos colavam ao pescoço. Kael dormia próximo, o peito nu subindo e descendo devagar. Riven, inquieto, vigiava de pé, encostado na entrada da caverna. Os olhos dele brilharam quando ela se mexeu.— Ela está... diferente — Ana sussurrou.Riven se aproximou em silêncio. Encostou a testa no ventre dela, como fazia todas as manh
Capítulo 31 – O Legado de Três AlmasO sol nasceu sobre um mundo transformado.As terras antes corroídas por trevas agora floresciam sob um calor tímido e novo. O ar, carregado de cinzas e magia, parecia respirar junto aos três que haviam sobrevivido à guerra… e vencido.Ana caminhava lentamente pelas ruínas do altar, sentindo cada passo reverberar não apenas em seu corpo — mas na alma. Sua filha, ainda em gestação, se movia com uma consciência que não era humana. A conexão entre elas era tão íntima que Ana podia sentir os sonhos da criança mesmo enquanto dormia.Ela parou diante da fonte quebrada do altar. A água prateada borbulhava com energia pura.— Esse mundo vai se curvar diante de vocês — disse uma voz atrás dela.Era Riven. O dragão caminhava com a pele marcada por escamas, os olhos dourados semicerrados e os cabelos negros desalinhados pelo vento da batalha. Atrás dele, Kael se aproximava em silêncio, os olhos cor de âmbar carregados de algo que Ana não soube nomear… mas sent
Capítulo 30 – O Alvorecer de Sangue e LuaA noite parecia não pertencer mais ao reino dos vivos.A Rainha do Eclipse, uma criatura tão antiga e tão poderosa que a própria magia temia pronunciar seu nome, pairava acima do campo de batalha. Sua presença exalava morte e desespero, envolvendo o ar em uma camada viscosa de sombras.Riven lançou-se contra ela primeiro, suas asas de dragão rasgando o céu vermelho, enquanto Kael rugia, uma besta antiga, tão cheia de fúria e determinação que parecia feita para destruir todas as coisas.E Ana?Ela não era mais apenas a humana perdida ou a híbrida marcada por profecias esquecidas. Não era mais uma simples mulher arrastada para uma batalha antiga.Era o Coração. O Coração de Sangue e Lua.A Espada que Chora brilhou tão intensamente que parecia uma lua viva, refletida no aço marcado por milênios de batalha. A criança dentro dela não era só uma esperança — era uma âncora, uma fonte de magia tão antiga que todas as forças do mundo poderiam dobrar-se
Último capítulo