A aldeia amanheceu envolta por um aroma de raízes frescas, mel aquecido e flores silvestres. Aurora estava sentada do lado de fora da cabana, penteando os cabelos de uma das meninas órfãs enquanto outras três organizavam folhas e tecidos sob seu olhar atento.
— Vai ter história hoje, mamãe da aldeia? — perguntou uma das crianças, de bochechas rosadas e olhos curiosos.
Aurora riu.
— Só se vocês ajudarem com os preparativos da fogueira.
Desde o retorno da caçada, algo mudara. Os jovens passavam as manhãs na cabana dela, ouvindo conselhos, aprendendo a fazer chás, a ouvir o som do vento. As mães iam até ela em silêncio, deixavam frutas, lenha, água — como se reconhecessem naquela mulher não apenas força, mas sabedoria.
Ela se tornara algo além de Luna.
Ela se tornara referência.
Othar comentou certa vez, observando a movimentação em volta da cabana:
— Quando uma casa vira caminho, é porque quem mora nela