O uivo atravessou o mundo.
Era uma nota perfeita. Antiga. Sagrada. Nasceu de dentro da montanha, viajou pela floresta, cortou o ar, atravessou aldeias, rios, montanhas e corações. Era um uivo de dor, mas também de poder. Era o uivo de uma Luna esquecida, renascendo das cinzas.
E todos os lobos o ouviram.
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Nas cavernas escondidas onde os sobreviventes da alcateia de Damon se abrigavam, o silêncio foi quebrado abruptamente. Alguns caíram de joelhos. Outros gritaram. Othar levou a mão ao peito e chorou sem emitir som. Guerreiros acordaram como se tivessem sido atingidos por trovões. Fêmeas uivaram de volta, instintivamente.
Kai, ainda com os olhos inchados pelo luto, olhou para o céu noturno e sorriu.
— Mamãe…
Damon estava acordado. Sentado no alto de uma pedra, sentiu o ar rarefeito vibrar em torno dele. O uivo penetrou até seus ossos. O lobo dentro de si reagiu com violência — como se quisesse explodir para fora.
Ele caiu de joelhos, as mãos na terra, o corpo tremendo.
— Não… — murm