Naquela noite, a floresta inteira silenciou.
Não havia vento. Não havia uivo. Nem mesmo o farfalhar das folhas. Tudo parecia preso em uma bolha de suspense. A Lua estava oculta por nuvens espessas, como se o próprio céu se recusasse a iluminar a terra.
Os anciões, vestidos com mantos cerimoniais antigos, caminharam até o altar sagrado às margens do grande rio. Ali, onde o sangue dos antepassados havia sido derramado e onde gerações de Lunas haviam sido celebradas, o círculo foi traçado com sal, ervas e cinzas de raízes centenárias.
— Que os portões se abram. — disse Othar, com a voz grave.
— Que a Lua nos ouça. — completaram os outros em uníssono.
Os tambores começaram, lentos. Cada batida parecia fazer a terra tremer. Os lobos se aproximaram da clareira, formando um anel de olhos atentos e respiração contida.
A primeira brisa cortou o círcul