A aldeia humana dormia em silêncio. As luzes das cabanas estavam apagadas, os galos ainda não tinham cantado, e a bruma espessa cobria as montanhas como um véu de luto.
Clara, como era conhecida agora, acordou no meio da noite com o peito arfando.
Não conseguia respirar.
O quarto parecia pequeno demais. O teto parecia descer sobre ela, esmagando-a. O lençol estava encharcado de suor. As mãos tremiam, os olhos arregalados fixos na escuridão.
E então… ela viu.
Não com os olhos — mas com a alma.
Fogo.
Lobos em guerra.
Gritos.
Sangue cobrindo a terra.
E ele. Um homem de olhos negros e pele ferida, uivando de dor diante de um templo em ruínas. Segurava uma criança nos braços. Chorava. Chorava como se o mundo tivesse desabado.
“Aurora…” ele murmurava.
E tudo se apagou.
Clara caiu da cama com um grito sufocado. Seu corpo se retorceu como se algo queimasse por dentro. As veias de seus braços brilhavam com um tom prateado. Ela tentou gritar, mas só saiu um som gutural, ancestral.