O Sopro da Tempestade
A mansĂŁo parecia diferente naquela manhĂŁ.
Os vitrais refletiam tons dourados e violetas, e a brisa que atravessava os corredores antigos carregava um perfume de terra molhada e flores silvestres. Era como se o prĂłprio bosque tivesse vindo me dar boas-vindas â como se reconhecesse em mim algo novo. Algo desperto.
Eu descia lentamente os degraus que levavam ao grande salão, sentindo o chão sob meus pés como se estivesse pisando em um mundo renascido.
Lunara se mantinha em silĂȘncio dentro de mim. Mas era um silĂȘncio reverente. Ela estava ali, atenta, presente⊠como uma guardiĂŁ ao meu lado, observando tudo com olhos selvagens e ancestrais.
Ao chegar ao Ășltimo degrau, vi Rafael.
Ele estava de pĂ© junto Ă lareira acesa, com um livro antigo nas mĂŁos e um olhar distante, como se conversasse com os ecos do tempo. Quando percebeu minha presença, levantou os olhos â e o que vi neles me fez parar por um instante.
Havia orgulho.
E pesar.
â Alice â sua voz era como sempre: firm