Entre o Sol e a Sombra
O calor do corpo de Rafael me envolvia como um cobertor sagrado, mas não era o suficiente para calar o frio que se espalhava pela minha espinha. A clareira estava silenciosa, e o céu acima de nós não trazia lua nem estrelas. Era como se o mundo inteiro prendesse a respiração, à espera da minha próxima escolha.
Eu havia dito sim. Eu havia escolhido. Mas a Deusa não mentiu: o preço ainda seria cobrado.
Minha nuca ardia com uma marca nova, em forma de meia-lua entrelaçada com uma linha de fogo. Era linda e cruel. Rafael passou os dedos por ela, devagar, como quem acaricia uma ferida recém-aberta.
â EstĂĄ queimando? â ele perguntou, com a voz baixa, rouca de preocupação.
Assenti, sem conseguir mentir.
â NĂŁo Ă© uma dor comum. Ă como se algo⊠estivesse se abrindo dentro de mim.
â Ă porque estĂĄ, Alice.
Ergui o rosto para ele, buscando respostas naqueles olhos verdes e profundos.
â O que ela quis dizer com âa lua ainda vive em mimâ?
Ele hesitou. Seu olhar se afastou do me