O PESO DO QUE NÃO SE DIZ
A lua permanecia alta, testemunha silenciosa de tudo que eu tentava compreender enquanto meu coração pulsava como se buscasse romper a própria carne. O eco do que havia acontecido entre nós — entre eu, Marco, e a sombra ardente de Rafael ao fundo — ainda vibrava em mim como um chamado ancestral que eu não conseguia ignorar.
O vento carregava o aroma das folhas úmidas, da terra viva, e também… deles. Do jeito como a energia deles tocava a minha pele sem sequer me tocar de fato. Principalmente agora.
Marco ainda parecia dividido entre o dever e o desejo, entre a culpa e a fome, entre a razão e o instinto. Sua respiração era pesada, o maxilar tenso, as mãos cerradas como se lutasse consigo mesmo — ou com Korran, que se remexia sob sua pele em pura inquietação.
Rafael, por sua vez, não se movia. O Supremo parecia feito de pedra quente — sólido, silencioso, profundo. Zahor observava através dele. Sentia. Investigava. Reconhecia algo em mim que eu mesma não consegui