O sol da manhã invadia suavemente a cozinha, iluminando as tábuas gastas do chão e envolvendo o ar com o aroma terroso do café recém-passado. Alicia estava sentada à mesa, os dedos inquietos torcendo uma mecha de seu cabelo cor de fogo, os olhos fixos no vapor que dançava preguiçosamente acima da caneca, como se ali tentasse decifrar a própria confusão. Sua mãe movia-se com uma quietude meditativa perto do fogão, preparando algo que cheirava a ervas e memórias, um contraste sereno com a tempestade silenciosa que agitava a alma da filha.
— Ainda sente o chamado para partir? — A voz suave da mãe rompeu o silêncio matinal, trazendo Alicia de volta àquele espaço familiar, embora agora um tanto distante.
Ela inspirou profundamente, o ar carregado de familiaridade.
— Não agora. — Alicia respondeu, a hesitação na voz quase palpável. — Preciso de alguns dias. Preciso sentir... o peso de tudo isso.
A mãe se virou, o olhar calmo, mas carregado de uma antiga sabedoria. Largou a colher de pau sob