Uma semana.
Sete dias inteiros tentando se convencer de que Lisboa agora era “lar”.
Sete dias acordando no mesmo quarto branco, ouvindo o mesmo rangido do piso e o mesmo som da respiração cansada da mãe no quarto ao lado.
A rotina se instalou sem pedir licença — e, com ela, o peso do que ficou para trás começou a se transformar em silêncio.
Luiza acordou cedo naquela segunda-feira.
O céu estava nublado, o ar frio entrava pela janela, e as paredes pareciam ainda mais brancas do que antes.
Na cozinha, o cheiro de café e pão torrado tentava dar ao dia um sabor de normalidade.
A mãe, enrolada num cachecol, mexia distraída o açúcar na caneca, os olhos fixos em nada.
— Dormiu bem, filha? — perguntou sem olhar.
— Tentei.
— Hoje é seu primeiro dia na escola nova, não é?
Luiza assentiu.
A mãe forçou um sorriso. — Vai dar tudo certo.
Mas a voz dela era um fio de som.
E naquele fio, havia medo.
Luiza pegou a mochila, o casaco e o colar. Nunca tirava o colar.
Era o único detalhe de cor em um corp