A nova casa parecia menor do que nas fotos.
As paredes brancas, o chão de madeira rangendo a cada passo, o eco dos móveis sendo arrastados e o cheiro de tinta fresca misturado a café. Tudo era diferente, e o diferente dói quando o coração ainda está preso em outro lugar.
O taxista havia ajudado a deixar as malas na porta, desejando boa sorte num português carregado de sotaque. Mamãe sorriu, mas o sorriso dela era curto, quase um reflexo de educação. O rosto estava pálido, os lábios secos, e eu percebi — mesmo que ela não dissesse — o quanto o corpo dela estava cansado.
Ela se apoiou na parede e olhou em volta.
— É simples, mas é o que a gente precisa agora. — disse, com a voz baixa, tentando acreditar nas próprias palavras.
Assenti, forçando um sorriso também.
— Está ótimo, mãe.
Mas por dentro, eu me sentia como aquela parede vazia — pintada de novo por fora, mas cheia de rachaduras por dentro.
Deixamos as malas na sala e começamos a andar pela casa. Dois quartos pequenos, uma sala es