NARRAÇÃO DE PETRINA...
Eu estava renovada. Nenhuma culpa me acusava.
Pelo contrário, sentia-me, pela primeira vez, como uma verdadeira mãe. Defendi quem amei. Agora, tudo o que desejo é viver em paz com eles.
Ao retornar ao hospital, senti minha alma lavada. Caminhei pelo corredor de cabeça erguida, os olhos brilhando com o peso da justiça. Ainda usava o salto alto que, horas antes, fora minha arma. A mancha de sangue estampada nele era o meu troféu.
Mas assim que entrei no quarto, travei os passos.
Diante de mim, nossa filha.
Lara dormia na poltrona ao lado da cama, o corpo inclinado, repousando a cabeça sobre o peito de Miguel. Ele também dormia, com a mão repousada sobre os cabelos dela, num gesto silencioso de carinho — o afago que ela sempre precisou.
Segurei o choro.
A culpa voltou a me corroer.
Eu fui a responsável por lhes arrancar isso…
Lara sonhava com um amor de pai. E Miguel sempre sonhou em ter um filho.
Aproximei-me com passos suaves, cuidadosa, e me sentei em silêncio e