NARRAÇÃO DE ANDREA... (Primeira narração)

E, finalmente, chegou a minha vez.

Agora posso contar, com minhas próprias palavras, sobre todos os sentimentos que calei por tanto tempo.

Cresci sendo cobrado por meus avós. Meu pai morreu quando eu ainda era uma criança de seis anos. Minhas lembranças dele são poucas, mas fascinantes. Ele foi um bom homem. Um bom pai. Minha mãe soube escolher bem.

Mas ele foi assassinado num ataque contra a máfia. Nunca me contaram os detalhes — minha mãe se calava, e a máfia também.

Minha mãe sempre foi minha rocha. Como tantas vezes afirmei, foi ela quem me sustentou, quem enxergou quem eu realmente era, sem julgamentos. Me acolheu com amor — um amor que só uma verdadeira mãe pode carregar.

Nos últimos dias, senti como se tivesse morrido por dentro. Vivi como um zumbi. Foram dias de amadurecimento forçado, na base da raiva e da contenção.

Aguentei calado. Me maquiei todos os dias, como se pudesse dissolver as horas em minutos, tentando, desesperadamente, p