POV Isabela
A sala principal do Hotel Elysée parecia um palco montado para vaidades. Lustres de cristal refletiam as taças alinhadas como joias, garçons deslizando em silêncio com bandejas de prata, e o tapete vermelho que abafava cada passo como se escondesse o som de dentes rangendo.
Daniel apertava minha mão com força, como quem conduz um troféu. E era exatamente isso que eu era para ele naquela noite: a peça reluzente em sua vitrine de poder. O marido sorridente, o político promissor, e eu, a esposa impecável, sempre presente, sempre intocável.
— Senhores — disse ele, erguendo a taça ao redor da mesa principal, onde empresários, secretários e alguns rostos conhecidos da velha política se sentavam. — Esta noite não é apenas um brinde a negócios. É um brinde à confiança. E à família.
“À família.”
O olhar dele cruzou o meu quando pronunciou a palavra, e o aperto em minha mão aumentou. Sorrimos para as câmeras, como se cada flash fosse uma prova do casamento perfeito. Do outro lado d