— Segura firme o balde, menina, senão vai acabar tomando um banho de leite — Dona Ge brincou, se abaixando ao meu lado para ajustar minha mão.
Eu ri, mas era aquele riso meio sem graça de quem está mais concentrada do que gostaria. A vaca nem se mexeu, como se me desse um voto de confiança silencioso. Depois de algumas tentativas, consegui extrair um fio de leite, o que arrancou um leve aplauso de Dona Ge.
— Tá vendo só? Mais um pouco e te contrato — disse, com aquele humor sempre presente.
Terminamos o serviço, e ela levou o balde para uma mesinha sob a sombra de uma árvore. Pegou um pano limpo, coou o leite, e me entregou uma caneca de alumínio ainda morna.
— Bebe, vai. Isso aí é ouro branco. — Ela sorriu.
Eu hesitei por um segundo, mas levei a caneca aos lábios. O leite era espesso, morno, e tinha um gosto muito mais puro e forte do que eu esperava. Me peguei sorrindo com a surpresa do sabor.
— É… diferente. Bom — falei, ainda sentindo o calor na boca.
Dona Ge me observava, o olhar