Hoje era a festa da colheita. A mais esperada do ano.
As ruas de Monte Verde estavam irreconhecíveis, como se tivessem se vestido de gala para receber a noite. Bandeirolas coloridas cruzavam o céu de uma ponta a outra, iluminadas por pequenas luzes que piscavam feito vaga-lumes presos no fio. Balões de palha, cestos cheios de milho, abóboras e mandiocas enfeitavam as portas das lojinhas. O cheiro de canela, quentão e bolo de fubá se misturava ao ar fresco da serra, aquecendo o coração de quem passava.
Cheguei bem a tempo — se quer passei no chalé. Mal deixei a estrada de terra e já estacionei o carro perto do centrinho mágico, como eu sempre chamava aquele pedaço de rua que parecia saído de um livro.
Parei por um instante, com a mão ainda na chave do carro, e deixei que a cena me atravessasse. Crianças corriam com os rostinhos pintados, mulheres ajeitavam coroas de flores na cabeça, e os homens puxavam as mesas de madeira para perto da praça, onde a fogueira principal já estava montad