Enquanto Martinha resmungava sobre e ter aparecido sem aviso prévio e esquentava o leite, aproveitei pra contar sobre Monte Verde.
Falei sobre o chalé que parecia ter saído de um filme, da vista cheia de verde que me fazia respirar fundo de verdade. Das galinhas d’angola que gritavam “tô fraca” o dia inteiro, da Giselda que havia criado um laço muito estranho de ódio e amor comigo, e que eu secretamente adotei como minha companheira espiritual.
— Teve um dia que tentei consertar a tomada do quarto — continuei, rindo. — Achei que estava arrasando, toda independente. Quase queimei os dedos e fiquei com um cheiro de fio queimado no cabelo por dois dias.
Martinha arregalou os olhos.