Às nove horas em ponto, entrei no café escolhido para o encontro. O som baixo de jazz misturava-se ao tilintar de xícaras e ao burburinho das conversas. Eu vestia um longo vestido florido, de tecido leve que se movia como se tivesse vida própria a cada passo. Nos pés, um par de saltos delicados — coisa que Monte Verde nunca me permitiria usar sem tropeçar nas pedras da rua ou ficar com os tornozelos cobertos de poeira.
Ainda assim, por mais que houvesse tanto que São Paulo me oferecia — livrarias imensas, cafés descolados em cada esquina, teatros que nunca dormiam —, meu coração já não batia por ela. A cidade de terra batida, de noites salpicadas por grilos, de manhãs cheirando a pão fresco… era lá que eu havia deixado um pedaço de mim.
Respirei fundo e caminhei até a mesa reservada. Lívia já estava me esperando.
Ela se levantou para me cumprimentar, o sorriso discreto e polido iluminando o rosto. Tinha um ar elegante, quase inacessível, que parecia combinar perfeitamente com a profi