Damian Cavalari
Quando Elena desapareceu atrás da porta lateral, guiada pela mão firme de Lara, algo dentro de mim se partiu ou se calou. Não sei qual dos dois.
Só sei que cessou.
O mundo ao meu redor continuou existindo: música, risadas, o tilintar de taças, conversas de pessoas sem importâncias que fingiam elegância para mascarar vazio. Tudo segue igual, mas para mim o salão ficou pequeno.
Pequeno demais para acomodar a raiva fria que subia como uma maré sombria dentro de mim.
Respirei fundo uma vez, duas mas não adiantou.
A lembrança do olhar daqueles homens percorreu minha mente como uma faca cega. A forma como encararam Elena. Como mediram suas curvas. Como sussurraram comentários, achando que estavam em um mercado de luxo e não diante de um ser humano.
Apenas eu tinha o direito de olhar para ela dessa maneira. Somente eu.
Meu maxilar travou. E então, devagar, virei a cabeça em direção ao homem que iniciou aquela cadeia de insolências.
Ele segurava a taça com a mão tensa. Tenta